segunda-feira, 23 de junho de 2008

O REPOUSO FINAL DE CLYDE BRUCKMANN

Quatermass



Arquivo X foi um grande seriado de ficção científica dos anos noventa (1993-2002).




Mesclava terror, ficção, suspense, ação, mitologia, humor e empatia. Teve no total nove temporadas, mas nunca foi regular. Para falar a verdade, como fã que sou até hoje, assisto sem traumas as sete primeiras. Destas, da primeira à terceira podem ser consideradas clássicas, pela qualidade e criatividade das histórias. Posso dizer com certeza que gosto mais destas pelo processo de construção/identificação dos personagens. Fox Mulder (David Duchovny) e Dana Scully (Gillian Anderson) são o verdadeiro fenômeno do seriado. O primeiro, por acreditar em esoterismo/ufologia e ter absoluta certeza de suas convicções; a segunda, por tentar. Este aparente antagonismo é o que une os opostos. Por que aparente? Porque um complementa o outro: o passional e o racional juntos, a teimosia com a lucidez, a amizade acima do amor. Melhor dizendo: há o clima de amor entre os dois protagonistas, permeado por um manto de amizade.

A alternação entre episódios/situações com monstros-da-semana e ETs era um bom complemento. Mas, a partir da oitava e nona temporadas, David Duchovny (Mulder) resolveu engrossar suas exigências com os produtores, a tal ponto de ficar fora da maioria dos episódios finais. Como resultado, também deixaram Scully de escanteio e inseriram dois novos personagens, dois novos protagonistas: o agente do FBI John Dogget (Robert Patrick) e Monica Reyes (Annabeth Gish). Aconteceu o desastre: saiu o cara que acreditava, bem como sua parceira que queria acreditar, e colocaram um que não acreditava e outra que nem tentava. Mataram a mitologia, pois não havia roteiro que salvasse dois personagens tão inexpressivos. Resultado: a série acabou.



Mas voltando ao início, X Files já era cult na terceira temporada e é de um episódio em especial que passo a analisar brevemente. O Repouso Final de Clyde Bruckmann senão é o melhor, é um dos melhores episódios. É extremamente inteligente, irônico e sarcástico.

Clyde Bruckmann (Peter Boyle), um bom velhinho corretor de seguros, possuía um dom especial: o de poder prever a morte da pessoa que estava a sua frente. Obcecado pela prematura morte de Buddy Holly (um pioneiro do rock’n'roll, veja postagem anterior) num acidente em fins dos anos cinqüenta, passou a desenvolver inadvertidamente esta capacidade. Até aí tudo bem, mas na cidade também está à solta um assassino serial de videntes. O sujeito procura um em especial: o capaz de identificá-lo por seus crimes. Clyde é localizado por Mulder e Scully e fica sob custódia dos dois em um hotel, e qual não é a surpresa quando um de seus empregados é o próprio criminoso? Santa coincidência, Batman!

Mas o episódio possui muito mais méritos: Peter Boyle está impagável como o simpático velhinho e sua interação com Scully é espetacular. Um exemplo disso é quando Scully lhe pergunta como ambos terminarão e ele sarcástica e inocentemente diz: “na cama” (mas não é o que estão pensando)! Clyde Bruckmann já viu sua morte, a ponto de descrevê-la, mas também sabe por intermédio de quem alcançará seu merecido repouso. É um episódio inesquecível, um dentre tantos desta singular série criada por Chris Carter. Num futuro não muito distante comentarei outros, sem a longa introdução é claro!

Hajam coincidências! Depois de publicar esta postagem, adivinhem o quê encontro no Cine Divx Bizarro? Confiram! Valeu!

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