domingo, 1 de junho de 2008

COSMOS


Quatermass

Este post é oportunista. Ao ler a postagem do Thintosecco sobre O Pálido Ponto Azul, imediatamente lembrei-me da séria protagonizada por Carl Sagan (1934-1996), Cosmos. Lá no início dos anos oitenta, a Globo anunciou a exibição dos doze episódios. Como tudo naquela emissora, a coisa decola certinho e termina de qualquer jeito: não cheguei a assistir todos os episódios porque por um motivo ou outro (dia, horário, mudança daqui, mudança dali), qualquer coisa era suficiente para o telespectador deixar de assistir. Tudo bem, alguns anos depois comprei o livro baseado na série (ou vice-versa) e matei a saudade. Mais adiante, a série saiu em VHS - uns trambolhos que, mesmo selados, não tinham em qualquer locadora de vídeo. Ai! Ai! Neste país, quando se gosta de alguma coisa – qualquer coisa - o sujeito sofre! Finalmente, já no século XXI a Abril lançou a série em DVD e fui à caça. Agora posso saborear tranquilamente todas as cenas, imagens e efeitos da série. Mas espera aí! Será que é só isso que nos oferece? Justamente é o que menos interessa!

Confesso, admiro muito Carl Sagan pela incrível habilidade de transformar astronomia em poesia, de criar frases e adjetivos sem nunca repetir (bem ao contrário de mim). Mais, de utilizar elementos singelos para explicar o universo, a física e a habilidade/capacidade humana com uma clareza ímpar. Foi um grande poeta e professor, que ensinava astronomia visualizando o impossível e divagando o fantástico. Contudo, Carl Sagan também tinha alguns ranços. Tanto em Cosmos como em Contato (dirigido por Robert Zemeckis a partir de uma obra sua) constata-se a dura e inflexível visão da religião e da espiritualidade como a antítese do progresso e da evolução. Desdenha a Astrologia, taxando-a como ciência inexata (ao contrário da Astronomia). Confere à Ciência um patamar mais elevado que a superstição e a crença humana. Criticamente acho que nosso filósofo/astrônomo/cientista cometeu uma heresia. A humanidade é a soma de todas as qualidades e defeitos humanos. Com nossos defeitos e erros também evoluímos e sem estes o homem perde sua identidade.

A Ciência, diferentemente do que afirma Carl Sagan não é exata, muito menos perfeita e a Astronomia, que além de estar longe de compreender um trilhionésimo do universo, é dominada somente por alguns. Já a combatida Astrologia não é uma ciência exata, mas é compreendida pela maioria, pois está delimitada. A crença advém da fé: homem sem fé não crê, logo não acredita, não persevera. A superstição advém do desconhecimento, porém, instiga. A religião advém do reconhecimento de uma entidade divina. Todos estes elementos também compõem o ser humano. Seu crescimento depende da soma de todos os fatores para a busca do conhecimento e não da exclusão de alguns. Talvez a maior falha de percepção de Carl Sagan seja que tenha procurado descobrir mundos longe demais sem ao menos tentar entender o que acontece no Planeta Terra.





3 comentários:

Anônimo disse...

Já que ninquém comenta, comento eu. Na verdade, a série Cosmos é constituída por treze episódios e não doze. Maiores detalhes junto ao site do Wikipédia (muito bom por sinal)! Fui!

Anônimo disse...

Caro Quatermass, as primeiras imagens de televisão que me lembro foram do programa do Carl Sagan, meu grande ídolo, acho que passava nas manhãs de domingo e eu assistia na casa de minha avó, muitas recordações! Quanto às crenças do Carl Sagan, sempre o admirei justamente por elas, assisti ao programa onde ele fala sobre a astrologia e concordo plenamente, acho que ele sempre quis passar a idéia que somente através da ciência o homem pode evoluir e alcançar os seus objetivos de uma forma clara, sem sofrimentos desnecessários, pois apesar de todos os benefícios que a religião e até a supertição podem conceder as pessoas, (não me acho ateu, talvez até seja...pois estou muito longe de ser religioso e acreditar em supertição) acredito que elas mais atrapalham a vida do ser humano do que ajudam, veja o caso das experiências com as células embrionárias recentemente no Brasil, o aborto, as guerras por religião, enfim, a lista é longa e a ciência apesar de não ter todas as respostas, sempre busca a verdade das coisas.
Parabéns pelo site, é muito nostálgico!

Alexandre Torres disse...

Para mim este é justamente o ponto positico de Carl. Astrologia é sim uma bobagem, e a fé não tem nada a ver com o divinio - um dia a ciência ainda há de provar que a fé é muito mais que acreditar em qualquer bobagem, em deus ou na estátua de ouro do cordeiro. Carl tinha uma fé inabalavel, e isso está em suas obras - a fé de que não estamos sozinhos neste universo. Mais desapegado a esta porcaria de biblia que nos obrigam a seguir - e esta maioria estúpida que nos obriga a estudar religião. Eu renuncio a deus - se existe, quero estar com o diabo. Mas tenho certeza que ele não existe

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