terça-feira, 3 de junho de 2008

A ARTE DE BENÍCIO




por Thintosecco




A propósito de falar sobre musas, socorro-me de um mago da ilustração, José Luiz Benicio, ou apenas Benicio.



Gaúcho de Rio Pardo (mas radicado no Rio há décadas), auto-didata e criador de mais de 300 cartazes para o cinema nacional (dentre eles: Dona Flor e Seus Dois Maridos, Independência ou Morte, Cada um Dá o que Tem, Pelé Eterno e vários d'Os Trapalhões). Benício produziu e produz esmerados traços que exploram com charme e paixão a beleza feminina. Não que tenha dedicado-se apenas a isso - seus trabalhos transitam ainda pela área editorial e publicitária - mas é fato que suas mulheres
voluptuosas sobressaem-se. A partir dos anos 60, com o advento das pueris pornochanchadas, ele concebeu em pôsteres - e poses - as mais belas atrizes do cinema brasileiro, como Sônia Braga, Leila Diniz, Vera Fischer, etc.



Aliás, há uma história curiosa envolvendo Vera e o trabalho do Benicio. Diz a lenda que ao estrelar o filme A Super Fêmea, Vera Fischer não consentiu em que fossem utilizadas imagens suas, nua, nos cartazes do filme. Porém, admitiu a possibilidade de aparecer em forma de desenho. Pois bem: adivinhem quem chamaram para esse trabalho? O cartaz desse filme tornou-se clássico e na época muita gente chegou a ficar em dúvida quanto a tratar-se de uma ilustração ou uma fotografia.





Livros de Bolso


Desde os anos 50 até a primeira metade dos anos 80, os livros de bolso representaram a forma de leitura mais difundida no País. E representaram também a fase mais marcante do trabalho de Benicio. Neste período o artista produziu mais de 1.500 capas de Pocket Books que povoavam o imaginário de grande parte dos leitores do Brasil. A espiã Brigitte Montfort foi a estrela maior dessa época, sendo a personagem principal da série ZZ7 da Editora Monterrey.



Encontra-se em produção um documentário, dirigido pelo Jetter Castro, intitulado O Encontro de Benicio com Brigitte Montfort, que conta essa história. Ficam o link para o blog do documentário e o vídeo abaixo.

Os textos dessa postagem foram retirados, em parte, do site do Benicio e do blog Obvious. Recomendo a visita ambos. E a primeira imagem deste post é do livro, de autoria do Gonçalo Júnior,
Benício - um perfil do mestre das pin-ups e dos cartazes de cinema (CLUQ, 2006, 240 págs., formato 16 x 23 cm, R$ 49,90). Valeu.


Recolhi na rede umas 50 imagens de capas e outros trabalhos do Benicio (em tamanhos e qualidade variados), que estou disponibilizando no 4shared (tamanho aprox. 2,2 MB), para quem estiver a fim. Mas não deixe de conferir o site do artista, porque tem mais material.

4 comentários:

Taiguara disse...

Deixei um link para um arquivo RAR com capas da ZZ7 e alguns outros trabalhos do Benicio. Ainda pretendo voltar aqui para falar mais alguma coisa sobre os bolsilivros. Até.

Dr. Phibes disse...

grande post thintosecco Benicio é um mestre

Taiguara disse...

Com certeza, doutor. Na verdade, aqui no Brasil há grandes artistas, em todas as áreas. E muitas vezes os esquecemos, valorizando apenas o que vem de fora. É uma espécie de "complexo terceiro-mundista", e que nos atrasa, eu acho. Tenho idéia de fazer mais postagens sobre artistas nacionais. Vamos ver..

Taiguara disse...

Sobre os bolsilivros. Sabem aquele ditado: "Não julgue o livro pela capa"? Pois nunca foi tão verdadeiro como em relação àqueles livrinhos de bolso. O melhor deles eram mesmo as capas. Às vezes as histórias até tinham um início interessante, mas as boas idéias ficavam pelo caminho, abortadas pelo tamanho reduzido e pela velocidade com que eram produzidos. Sabe-se que alguns dos escritores chegavam a escrever vários deles por dia!

A série ZZ7 tinha um outro "problema". Tinha um certo viés ideológico, já que tinha como protagonista uma agente da CIA - a Brigitte - o que possivelmente contribuiu para o seu desaparecimento a partir da abertura política nos anos 80.

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