segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

MINHA SAUDOSA JUVENTUDE




por Quatermass


 
Sinto-me o próprio Sinuhe, já velho, escrevendo suas memórias. Como era minha juventude? Respondo: um desperdício. Por que, indagaria o nobre internauta? Porque daquelas amizades da infância e adolescência não sobrou nada. Estes tempos, minha irmã foi numa festa de reunião da sua turma dos formandos do 2º grau de 1985. Reencontrou muita gente, matou muita saudade. Eu, ao contrário, mandaria todos da minha turma a m... sem saudades! EXAGEREI! Mas naquela época sentia um vazio que só vim a descobrir e preencher muitos anos depois. Aqueles amigos/colegas por quem torcia não encontrar no ano seguinte, mas que estavam sempre lá na mesma lista de chamada são os compulsórios.

Os verdadeiramente
amigos são os que se descobrem pelos anos. Mas não quando se precisa (velho jargão), nem nos momentos fúteis. Amigo é aquele que casualmente tu encontras, conversa, conversa e o tempo passa sem notar. Amigo é como um livro numa prateleira que, quando se manuseia, não pára de lê-lo. Amigo é como um momento vivenciado que sempre deixa saudades. Amigo às vezes é a sinceridade que não queremos ouvir e a ingenuidade que fingimos não ter, mas que procuramos em meio ao cinismo. Como são poucos estes amigos! Amigo não tem idade: pra falar a verdade, excetuando Thintosecco e um dentista/psicólogo, cuja cadeira também serve de divã, os demais são bem mais velhos que eu. Sinto na idade não a experiência, nem a sabedoria, mas a paz de espírito que com o passar dos anos souberam preservar. Tudo isto que eu acabei de escrever não encontrei em minha juventude. Mas não foi em vão, pois com o tempo também aprendi a depurar o vinho do vinagre.

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