terça-feira, 28 de janeiro de 2014

ALEATÓRIO




por Quatermass


Localidade, dia e hora: Porto Alegre, 19 de janeiro de 2014, 22:30 horas. Local: sala da residência do internauta. Aparelhagem da sala: televisão de LCD 40 pol, NET HD & Blue Ray player.  TV à cabo? Sim. TV de sinal aberto? Opcional. Quantidade de canais: de acordo com o pacote oferecido pela operadora. Objetivo: breve consulta de canais. Canais e filmes consultados: FOX, Homem de Ferro 2; WARNER, Gran Torino; TNT, Scott Pilgrin Contra o Mundo; MEGAPIX: Caçador de Recompensas; CINEMAX, A Fantástica Fábrica de Chocolates;  STUDIO UNIVERSAL, Cassino; MGM, Missão Impossível 3; TCM, O Rio Selvagem; TELECINE PREMIUM, O Lado Bom da Vida; TELECINE ACTION, A Hora do Espanto; TELECINE TOUCH, O Sabor de Uma Paixão; TELECINE FUN, O Céu pode Esperar; TELECINE PIPOCA, João e Maria Caçadores de Bruxas; TELECINE CULT, Veludo Azul; e paro por aí, porque há muito mais canais!


Localidade e ano: Porto Alegre, ano de 1975. Local: quarto de pré-adolescente nerd. Aparelhagem do quarto: televisão preto e branco de 14 pol. TV à cabo? Não. Sinal aberto? Sim. Quantidade de canais de sinal aberto: 01 – TV Gaúcha (filiada à Rede Globo); 02 – TV Piratini (filiada à Rede Tupy); 03 – TV Difusora (filiada à Rede Bandeirantes); 04 – TV Educativa (filiada à TV Cultura), que passou a operar a partir do 2ª semestre. Os canais possuíam estéreo? Não. Havia distorções de imagens (fantasmas)? Sim. Existia guia com programação? Pelos jornais, quando enviados pela emissora. Os filmes eram retransmitidos? A cada seis meses, pelo menos, sem prévia informação. 


Filmes em exibição durante o ano: Uma Batalha no Inferno (1965; Ken Annakin, diretor; Henry Fonda e Robert Shaw, atores, *1*), A Invasão dos Discos Voadores (1956; Fred F. Sears, diretor; Ray Harryhausen, efeitos especiais, *3*), Jasão e o Vêlo de Ouro (1963, Bernard Hermann, trilha sonora; Ray Harryhausen, efeitos especiais, *2*), Pequeno Príncipe e o Dragão de Oito Cabeças (1963, Yugo Serikawa, diretor; Akira Ikufube, trilha sonora, *2*), Alakazan, o Grande (1960, Daisaku Shirakawa, diretor, *1*), Cinco Covas no Egito (1943, Billy Wilder, diretor, *3*), Vinte Milhões de Léguas da Terra (1957, Nathan Juran, diretor; Ray Harryhausen, efeitos especiais, *3*), Torpedo (1957, Joseph Pevney, diretor; Glenn Ford e Ernest Borgnine, atores, *1*), A Sétima Viagem de Simbad (1958, Nathan Juran, diretor, Bernard Hermann, trilha sonora, Ray Harryhausen, efeitos especiais, *3*), A Noite dos Generais (1966, Anatole Litvak, diretor; Peter O’Toole, ator, *1*), O Egípcio (1954, Michael Curtiz, diretor, *1*), Mar Cruel (1953, Charles Frend, diretor; Jack Hawkins e Denholm Elliott, atores, *1*), O Caso Bedford (1965, Richard Widmark e Sidnei Poitier), atores, *3*), Jack - O Matador de Gigantes (1962, Nathan Juran, diretor, Kerwin Mathews, ator, *1*), Quo Vadis (1951, Marvin LeRoy e Anthony Mann, diretores; Peter Ustinov, ator, *1*); Os Três Mundos de Gulliver (1960, Bernard Hermann, trilha sonora; Ray Harryhausen, efeitos especiais, *2*), Combate (1962-1967, seriado, Vic Morrow, ator, *2*), Terra dos Faraós (1955, Howard Hawks, diretor; Jack Hawkins, ator, *1*), A Ilha Misteriosa (1961, Cy Endfield, diretor; Bernard Hermann, trilha sonora; Ray Harryhausen, efeitos especiais, *2*), Tobruk (1967, Arthur Hiller, diretor; Rock Hudson, ator, *1*), Capitão Escarlate (1967, seriado supermarionation de Gerry Anderson; Barry Gray, trilha sonora, *2*) Uma Sepultura para a Eternidade (1967, Val Guest, diretor; Nigel Kneale, roteiro, *3*), Super Seis (1966, série de animação, DePatie & Freleng, *3*), Joe 90 (1968, seriado supermarionation de Gerry Anderson; Barry Gray, trilha sonora, *3*), As Aventuras do Dr. Doolitle (1970, série de animação, DePatie & Freleng, *3*); Speed Racer (1967, série de animação japonesa, *3*), Espaço 1999 (seriado live action de Gerry Anderson; Barry Gray, trilha sonora, *2*), Inferno nos Céus (1964, Ron Goodwin, trilha sonora, *3*), UFO (1970, seriado live action de Gerry Anderson; Barry Gray, trilha sonora, *3*), Os Miseráveis (1935, Charles Laughton, ator, *1*), Thunderbirds (seriado supermarionation de Gerry Anderson; Barry Gray, trilha sonora, *2*), George, O Rei da Floresta (série de animação, DePatie & Freleng, *3*),  Ultraman (seriado japonês, *2*), Fantomas (1966, série de animação japonesa, *1*), Os Primeiros Homens na Lua (1964, Nathan Juran, diretor; Nigel Kneale, roteiro; Ray Harryhausen, efeitos especiais *2*), O Monstro do Mar (1953, Eugene Lourie, diretor; Ray Harryhausen, efeitos especiais, *1*), O Monstro do Mar Revolto (1955, Ray Harryhausen, efeitos especiais, *1*), O Incrível Mr. Limpet (1964, Don Knotts, ator, *1*), O Único Sobrevivente (1970, telefilme, Richard Basehart e William Shatner, atores, *1*), O Rato que Ruge (1959, Jack Arnold, diretor; Peter Sellers, ator, *2*), Stingray (1964, seriado supermarionation de Gerry Anderson; Barry Gray, trilha sonora, *2*), O Mar é Nosso Túmulo (1957, Robert Wise, diretor; Clark Gable e Burt Lancaster, atores, *3*), Afundem o Bismarck (1960, *3*), Os Heróis de Telemark (1965, Anthony Mann, diretor; Kirk Douglas, ator, *3*), O Mundo em Perigo (1954, Gordon Douglas, diretor, *1*), Crepúsculo das Águias (1965, John Guillermin, diretor; Jerry Goldsmith, trilha sonora, *1*), A Pantera Cor de Rosa & O Inspetor (série de animação, DePatie & Freleng, *2*), Batalha da Grã-Bretanha (1969, Guy Hamilton, diretor; Ron Goodwin, trilha sonora, *3*), Os irmãos Karamazov (1958, Richard Brooks, diretor, *1*), Submarino X-1 (1969, James Caan, ator; Ron Goodwin, trilha sonora, *3*),  Ultimato à Terra (The 27th Day, Willliam Asher, diretor, *2*), A Ponte de Remagem (1969, John Gillermin, diretor, *1*), Dois no Céu (1943, Victor Fleming, diretor; Spencer Tracy, ator, *1*), Jornada nas Estrelas (1966-1969, seriado americano; com direito à dublagem original AIC & Astrogildo Filho e Cia, *3*). E, sem maiores cerimônias e dispensando detalhes: Os Monkees (*1*), A Flauta Mágica (*3*), desenhos da fase áurea da Hanna-Barbera (*1*, *2* & *3*), mais Terra de Gigantes (*3*), Perdidos no Espaço (*3*), Viagem ao Fundo do Mar (*3*) e O Túnel do Tempo (*3*) – todos os quatro produzidos por Irwin Allen). 









Agora, uma breve pausa... para a reflexão. 


As duas situações acima arroladas não servem como paradigmas. São frações de realidade diversas. No primeiro caso, os gêneros eram diversos; no segundo, claramente há ênfase em ficção cientifica, guerra e aventura. Se em 2014, procedi consulta em um número relativamente pequeno de canais; os filmes exibidos em 1975 são uma parte infinitesimal do todo. 


Mas o que quero provar? Que quantidade e qualidade não andam de mãos dadas. Se hoje o cinéfilo tem incontáveis opções de canais, cada qual com as própria programação, não significa que estará pagando mais por melhor. Tal como o universo possui um número maior de estrelas que grãos de areia deste planeta, até onde sabemos só existe uma Terra. Se em 1975 assistia uma reduzida infinidade de filmes, havia uma probabilidade maior de estar diante de um clássico. Mas hoje em dia o que é um clássico? Uma obra esquecida por todos? De certa maneira, sim. 




Então o nobre internauta indagará: se minha busca pelo “velho” é saudosista e inglória, porque não vou direto aos DVDs? E aí, conto uma triste história: na 2ª feira passada estava atrás de um daqueles filmes preto-e-branco – O  Caso Bedford – recentemente lançado em vídeo. Liguei para minha locadora favorita, no bairro Bonfim, que também vende DVDs/Bluerays, e tive a infeliz experiência de ser atendido por duas pessoas que me fizeram soletrar o título da obra pelo menos três vezes cada, para ao final, dizer que não tinha em acervo. Também constatei que eram pessoas jovens, que amigavelmente tentavam substituir o título por um genérico qualquer. Irritado, desisti da consulta e fiz reserva na Livraria Cultura: resolvi logo o problema! Daí pensei: “x” canais à cabo, uma infinidade de programações, um público infinitamente maior que há quarenta anos e meu consolo é o infindável acervo de DVDs da Livraria Cultura. 


Daqui há quarenta anos, com certeza não postarei mais nada, mas seria cômico escrever que oitenta anos antes havia uma chance em cinco de ligar uma pequena TV preto e branco e assistir uma obra inesquecível.









sábado, 4 de janeiro de 2014

RIDDICK 3





por Quatermass



Se com este filme David Dwohy entende que fechou a trilogia, então o fez de forma melancólica. Exagero meu? Talvez... então vejamos! 


A primeira meia hora nos conta o abandono de Riddick (Vin Diesel) pelos Necromongers em seu suposto planeta natal, Furya. Se ainda fosse a continuação do segundo filme não seria nada mal, mas, infelizmente, não é! Ao contrário: o cinéfilo é brindado com as aventuras de Robinson Crusoé Riddick e seu totó de estimação. Depois, segue a já enfadonha perseguição de nosso anti-herói por caçadores de recompensas. E, por fim, a também já cansativa corrida contra o relógio para fugir do planeta.


Ô meu, qualé? Graças a Deus que assisti copia de um cinema russo, porque teria me arrependido de pagar um ingresso de cinema para ver isso! 













No final do filme, quando Riddick está acossado pelas já não tão criativas criaturas da noite, é salvo à moda Star Trek V, o pior da franquia (que neste caso Riddick/Kirk é resgatado pela nave dos mercenários/klingons). E, antes dos créditos finais, na despedida, tem o discurso que permeia todo o filme: sou uma criatura solitária, traído por todos e que, no fundo, não sou do mal.


Contradiz tanto o primeiro Eclipse Mortal (1999) quanto Crônicas de Riddick (2004), ou seja, o cara é ruim, mau caráter e quer que o mundo se dane, mas por dor na consciência do diretor vamos se despedir numa boa! 












O filme peca justamente por isso: não é ingênuo, pois muito mal escrito, não convence ninguém,; não é uma sub-produção, pois se verifica claramente que o dinheiro foi mal empregado; que o ator é muito cara de pau, não é novidade, mas está em um de seus piores filmes (que saudade de Resgate do Soldado Ryan e Eclipse Mortal). Que coisa tchê! Se tem algo que não gosto é falar mal de filme. Mas não dá para não criticar Riddick 3: não há história, há canastrice em excesso e provoca um profundo sentimento de frustração.







Não há o que contar, pois a história se resume a isto: um quase nada. Pior: por causa disso voltei a rever Depois da Terra (2013), de Night Shyamalan e vi que em minha crítica de junho havia sido injusto. O indiano segue com seus méritos, demérito meu: não visualizei na época a sutileza da história e o excesso de mensagens subliminares. 


E sabem o que isto significa? Que estou falando de outro filme por falta de assunto do atual. É triste constatar isso: um diretor indiano que a critica ocidental se acostumou a falar mal, ainda que sua obra tenha se mantido estável e com nicho fiel de admiradores de um lado; e do outro a agonia de um herói que tinha tudo para dar certo se não tivessem prosseguido com as famigeradas e incrivelmente destrutivas continuações.


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