quinta-feira, 24 de outubro de 2013

LUCKY MAN









 por Quatermass



Quanta saudade do início dos anos oitenta. Na TV aberta passavam vídeos musicais da década anterior... na televisão de sinal aberto! Grátis, sem precisar pagar por pacote algum, sem controle remoto; o único custo era a conta de luz. Por sua vez, outro fenômeno retrógrado sou eu: sempre na contramão. Se no final dos anos setenta a moda era a discoteca, o ser estranho aqui devorava quadrinhos (da RGE, Ebal, Abril entre outras), assistia Jornada nas Estrelas e curtia rock progressivo


O que há de anormal em quadrinhos? Hoje em dia nada, mas naquela época todos eram “gibis”, leitura destinada ao público infantil e acusada pelos intelectuais de ser pregação imperialista. Na música e nos seriados também recaiu tal interpretação maniqueísta: as letras não teriam conteúdo e os roteiros cumpririam papel de escapismo. Esta visão, já desgastada, migrou para os fundamentalistas, cujos discursos têm público cativo. 


Ainda assim o então adolescente nerd, de óculos, de pasta (aqui cumprindo dupla finalidade: além do material escolar, servia para guardar livros e revistas adquiridos em “sebos”) e irritantemente quieto tinha uma vidinha aparentemente calma. OBS: o curioso é que se passaram quarenta anos e continuo igual, só mudei de pastas. 
 


  

 


E que vidinha calma em 1978/1979: Jethro Tull, Emerson Lake & Palmer, Pink Floyd, Queen, Nazareh, Deep Purple, Rolling Stones entre outros; enquanto a maioria certinha e os pseudointelectuais curtiam Disco Music e MPB. Se me sentia mal? Nem um pouco, solitário talvez. Não tinha papo com meus coleguinhas do colégio e vice-versa; as sintonias estavam em frequências diferentes. O mesmo se verificava quanto a namoros. No fim, optei por ceder, sob pena de terminar eremita e mal afamado, ou seja, tive que emburrecer para ficar no mesmo patamar dos dois extremos.  Sorte a minha que as coisas evoluem, ainda que demoradamente, e pude assistir a mudança em ¼ de século. 


Mas não se entusiasmem que não foi tanta assim: ainda é comum confundir Star Trek com Star Wars, que Nazareth foi a cidade onde Jesus viveu e que agora existem quadrinhos para adultos, adolescentes e os infantis! Quadrinho é quadrinho, pô!!! 


O mesmo não se verificou no Rock: o Rock Progressivo surgiu nos anos sessenta e se foi nos setenta. Uma triste constatação: movimento musical que tinha tudo para revolucionar o Rock ficou dando voltas em sí até cair. Tentou ser uma evolução musical e acabou virando alternativa, descartada em seguida. Assim como a flauta é o símbolo do Jethro Tull, a introdução do sintetizador é a marca do EL&P. 








 

Atualmente existem várias tendências, sendo as principais o metal pesado e o pop. Por que aconteceu dirá o nobre internauta? Porque surtos de genialidade são limitados: surgem, brilham e se ofuscam. Seria como um ciclo de vida, só que em escala menor e da qual pude assistir, ainda que pelo fim.







  


Em 1970 a banda Emerson, Lake and Palmer lançou o álbum de estreia homônimo. Nele tem uma faixa que é das minhas favoritas: Lucky Man. Nesta música se faz presente o som progressivo, a melodia, a letra – pura qualidade – tudo o que fora negado no Brasil dos anos setenta. Uma minoria (muito pequena mesmo) curtia EL&P. O bom disso é que não esqueci a música e seu contexto; assim sendo, quero compartilhar com vocês. Que cara de sorte eu sou!



sábado, 19 de outubro de 2013

GRAVIDADE








por Quatermass



Gravidade (Gravity - 2013) é um filme de ficção científica que realmente faz jus a sua recém adquirida fama. Tendo recebido a raríssima nota 8,7 do IMDb, achei que fosse exagero. Mas não. 


Talvez exagerada fosse a tentativa de traçar comparação à obras de culto como 2001 - Uma Odisséia  no Espaço (1968) e Solaris (1972). O filme de Stanley Kubrick aborda questões como nascimento, morte e evolução; já o de Andrei Tarkovski  trata a existência humana. Ambos são filmes de longa duração, lentos e complexos a ponto de que obras posteriores, como 2010 e a versão americana de Solaris careçam de conteúdo e representem visões muito, mas muito simplistas dos originais, ou seja, são releituras fracas e insossas. 


Filmes de culto não buscam explicar: jogam imagens, sons, ideias e concepções ao expectador. Não buscam retorno, não almejam bilheterias, não escolhem o caminho mais curto e sem pedras. Não são vazios, ao contrário, detém uma ou mais ideias subliminares; espontaneamente causam impacto, ficam na memória do cinéfilo, geralmente em cenas memoráveis.


Já Gravidade não foi dirigida por um monstro do cinema (ainda). O mexicano Alfonso Cuarón, resgata aspectos caros à Kubrick e Tarkovski:  respeito à verossimilhança. Se no espaço não há ar, não há som. Pode parecer idiota o que estou dizendo, mas quantos filmes de ficção apresentam silêncio no vazio? Há ação, mas sem som; ao invés, os diálogos e a trilha sonora de Steven Price compensam os demais ruídos. A música é hipnótica e terrivelmente impositiva.















De outro lado, é a melhor atuação de Sandra Bullock que já vi; o canastrão George Clooney está na dele. Agora, a história: destroços de um satélite russo ameaçam a missão espacial americana. A Dra. Ryan Stone (Bullock) é a única sobrevivente. No entanto, está só no espaço: o ônibus espacial foi destruído e não há como voltar senão em um dos módulos da Estação Espacial Internacional, que também está prestes a ser destruída. 


Além de ser uma corrida contra o tempo, agravada pela condição de astronauta solitária, ainda tem que lidar com a ausência de gravidade e todas as piruetas que advém. Não chega a ser tedioso como em Mar Aberto, onde um casal de mergulhadores é esquecido no meio do Pacífico; mas exagera ao fazer crer que há mais chances de se salvar em órbita da terra do que no meio do oceano. 






 


Gravidade não trata questões metafísicas, mas sobrevivência, esperança e fé, temas que escapam em 2001 e Solaris. Daí porque é inovador: seus questionamentos são singelos, portanto, simples, só que inteligentemente tratados por Cuarón. 



sexta-feira, 18 de outubro de 2013

À PROCURA DE UM CLÁSSICO




O blog já completou seis anos de vida e neste período uma postagem se destacou pela quantidade de acessos e de comentários. No instante em que redijo estas linhas, o Google registra 46.312 visualizações da nossa postagem sobre a animação O Pequeno Príncipe E O Dragão de Oito Cabeças.

A magia contida neste filme talvez seja eterna, porque quem o assistiu, mesmo que há décadas (literalmente), quer ver de novo e guardar. E a maioria dos 22 comentários feitos naquele post são de amigos que perguntam ou indicam onde achar o download do filme. 


Pois bem, em respeito à obra e seus inúmeros fãs, não podemos deixar de registrar que o desenho do Príncipe Suzano pode ser encontrado em postagens recentes de dois blogs amigos: no Tela de Cinema e no Cartwright Movies. Seguem os dois links de "utilidade pública". Confiram.





A propósito, recomendo muito a visita  aos dois blogs referidos. 

E, para quem quiser ler a postagem original deste blog, é só dar uma olhadinha na barra lateral, na parte das postagens mais acessadas, porque o príncipe Suzano raramente sai dali!


Por enquanto é isso. Porém, muito em breve neste blog, teremos a análise de GRAVIDADE, by Quatermass. Valeu.

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