sábado, 15 de junho de 2013

DEPOIS DA TERRA







por Quatermass




Já vou avisando ao cinéfilo incauto: este é um filme de M. Night Shyamalan. Isto significa que, em princípio, não haverá batalhas estelares de encher os olhos, criaturas asquerosas, nem sustos descartáveis. Porém, apesar de hábil roteirista, não tem se dado muito bem ultimamente como diretor.


Gostei de O Sexto Sentido (1999), Corpo Fechado (2000) e Sinais (2002), só que depois de A Vila (2004) e A Dama na Água (2006), sua carreira foi por água abaixo! Deu uma recuperada de prestígio dirigindo Fim dos Tempos (2008) e roteirizando Demônio (2010), este último um filme modesto, de média duração, bem bolado e inteligente: nos conta a história de seis pessoas presas num elevador; cada uma com sua dose exata de culpa... e o próprio demônio para castigá-las. 


Daí passei a entender melhor este indiano: uma de suas características também é a de homenagear Hitchcok; e não a única, como costumeiramente nossa critica costuma redigir. Outra característica: conta histórias simples e delas tenta, repito, tenta tirar água de pedra. 


Não se preocupa em encher os olhos do espectador, ao contrário, ao priorizar o suspense provoca frustração pela falta de ação imediata e histérica. O visual empregado, mesmo os efeitos especiais, procura ser o mais singelo possível (e não me perguntem o porquê); só que ao imitar o genial Francis Ford Coppola em seu Drácula de Bram Stoker (1992), onde os efeitos são discretos e convencionais, é aí que se dá mal!








After Earth ou Depois da Terra (2013) tenta nos dar uma visão ecológica do futuro: do homem, da Terra e de sua evolutiva biodiversidade. Tenta, pois o visual é muito menos ousado que Oblivion (2013) e muito mais clean que Jornada nas Estrelas - Além da Escuridão (2013), ou seja, não agrada aos mais críticos, nem à massa. O design de produção chega a chocar se comparado à Prometheus (2012); o interior da nave espacial mais parece um pacote de fraldas!


E a história, bom, vou contar o início: era uma vez um planeta chamado Terra que devido a eventos cataclísmicos/hecatombes climáticas foi por demais inviabilizado pela raça humana e por ela abandonado. O homem encontrou outro planeta antes inóspito e logo passou a domá-lo. Kitai Raige, um menino de treze anos (Jaden Smith) prepara-se para a visita de seu pai Cypher  Raige (Will Smith). 








Ao contrário do filho, sensível, Cypher é um militar durão. Ambos embarcam numa nave que devido à colisão com asteroides, acaba por cair no Planeta Terra, agora área de quarentena. Cypher e Kitai são os únicos sobreviventes, porém o pai quebra a perna e a responsabilidade repousa agora sobre seu filho a quem cabe ir à busca de um sinalizador, nos restos da nave em outra parte da floresta. Para tanto deverá encarar criaturas selvagens que agora habitam o planeta. 












O resto não conto, mas dá para concluir que a história é a de um filho que tenta provar a um pai cético que já é homem; em suma, sua missão é um ritual de passagem. Apesar do inusitado do filme contar com pai e filho em papéis fictícios e na vida real, na verdade a atuação dos dois decepciona: Will Smith está inexpressivo como uma marionete saída de Thunderbirds e o garoto, de tão ansioso, bobo e pré-adolescente em excesso, irrita. 


Não chega a ser um episódio de Bibo Pai e Bobi Filho, mas Night Shyamalan peca por criar excessos de anticlímax e flashbacks, numa obra opaca e por demais convencional, que tinha de tudo para deslumbrar. Mas não surpreende nem empolga. 


E volto a dizer: até o momento, ainda fico com as lembranças de Jack Harper em Oblivion, o melhor até agora em 2013. Em Oblivion existe história, amor, sentimentos, trilha sonora, visual maravilhoso e atores carismáticos – também pudera, com Morgan Freeman roubando as cenas...  Mas o triste é que não foi ainda com este filme que de Night Shyamalan se levantou; o tombo foi muito feio!



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