quarta-feira, 9 de março de 2011

O MESTRE E A PENEIRA


Texto enviado por MrOx



Cinco discípulos viajaram por muitos dias para receberem os ensinamentos de um Mestre a respeito de vida. - A Vida é uma peneira cheia de água. Ouviram o Mestre mansamente dizer já no seu primeiro encontro. Muito confusos e até decepcionados com esse ensinamento, arriscaram uma pergunta:

- E o que deveremos fazer para vivermos intensamente e sem restrições? - Ora, é muito simples: encham as suas peneiras de água, respondeu-lhes o Mestre em tom categórico.

Dois deles, visivelmente insatisfeitos com o Mestre, decidiram partir imediatamente, lamentando terem vindo de tão longe para ouvirem tamanha baboseira.
Outros dois também regressaram logo, convictos de que havia um significado oculto nas palavras do Mestre, que eles deveriam descobrir através de um pormenorizado estudo dos Textos Sagrados.

Apenas um deles resolveu por em prática o ensinamento do Mestre. Apanhou, pois, uma peneira e foi para a beira do rio, onde, pacientemente, hora após hora, dia após dia, tentou de todas as maneiras enchê-la de água, como o mestre havia recomendado.

Reconhecendo o esforço e a humildade do discípulo, o Mestre aproximou-se dele e tomando a peneira da sua mão, disse:
- Apanhando um pouquinho de água de cada vez e despejando dentro da peneira, você nunca conseguirá enchê-la de água.

E num gesto rápido, lançou a peneira na correnteza do rio. Ao ver sua peneira encher-se de água sem parar, num caudaloso, regular, intenso, infinito e contínuo movimento, constatou que para viver a vida intensamente é preciso que se entregue à ela, por inteiro.

* * *

É necessário render-se ao aqui e agora, sem os conflitos de certo e errado, bom e mau, ou seja lá do que for. Inútil tentar fugir ou buscar significados ocultos para os fatos da vida.

Só mergulhando nela poderemos saber o que a vida é e desfrutá-la integralmente, sem julgamentos de qualquer espécie.


Por desatenção ao presente, o que se percebe da vida e consequentemente dela recebemos são apenas migalhas, gotículas insignificantes que passam sem deixar seqüelas, lances esparsos e não raro confusos do que está ocorrendo dentro e fora de nós.


Enquanto isso, a vida não pára de viver, conosco ausentes ou presentes. Daí brota a incômoda sensação de que algo está sempre nos faltando, de que a nossa peneira continua vazia, a despeito de todos os nossos humildes, resignados e constantes esforços.




2 comentários:

MrOX disse...

E o como é difícil ter a vida sem por rédeas(o que a vida de casado impõe !!)
Sabe lançar ao alto,buscar o que realmente interessa ! Utopia ...
Mas um passo quando percebemos, se é que nosso coração ainda permite.

Mas, o que me angustia, são as mesmices, conjunto de rotinas que criamos, tanto quanto revoltante(creio envelhecer).
Temos um universo de possibilidades, e de fato o que de "palpavél" fazemos em direção aos nossos anseios,ou quanto fizemos ao outro, pouco não ?Sessão quaresma...
Penso enxergar, mas como o mito da caverna de Platão, a percepção nos trai...

Taiguara disse...

Como filhos de Deus, somos realmente dotados de infinitas possibilidades. Porém a felicidade está em cumprirmos as tarefas simples que Ele nos solicita. - Pelo menos, é isso que acho me tem sido ensinado nos últimos tempos.

Valeu. Abração, amigão!

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