sábado, 21 de março de 2009

ERICH FROMM E A ARTE DE AMAR



por Thintosecco



Psicanalista alemão radicado nos Estados Unidos em 1938, Erich Fromm buscou expandir o campo de estudo da psicologia, aproximando-a da sociologia. Nesse esforço, tentou conciliar as doutrinas aparentemente muito distintas de Sigmund Freud e Karl Marx.







Fromm não apenas desenvolveu um maior entendimento acerca dos processos que influenciam o indivíduo a partir de seu meio social, como utilizou conhecimentos da psicologia para explicar os fenômenos sociais. Chegou à conclusão que os processos neuróticos não são exclusivos dos indivíduos, mas acometem os grupos e até mesmo a sociedade como um todo.


Dedicou um de seus livros especialmente a este tema: Psicanálise da Sociedade Contemporânea, que é uma de suas obras principais, ao lado de Análise do Homem e O Medo à Liberdade.


A propósito de O Medo à Liberdade - e não "O Medo E A Liberdade" como consta erroneamente em vários sites na rede, passando uma idéia equivocada de seu conteúdo - trata-se da obra escrita em 1941 e que o tornou famoso, na qual analisa os mecanismos patológicos da mente humana capazes de manifestarem-se em grupos sociais gerando o autoritarismo e até mesmo o totalitarismo. Nesse livro, portanto, Fromm tentou entender e explicar como seu país natal abraçou a loucura do regime nazista, do qual ele mesmo fugira em 38.



A principal missão do homem, na vida, é dar luz a si mesmo e tornar-se aquilo que ele é potencialmente. (em Análise do Homem)






Se o trabalho de Erich Fromm tivesse ficado por aí, já seria muito. Mas ele fez mais. Seu trabalho não foi dirigido apenas ao mundo acadêmico, mas procurou em seus livros utilizar uma linguagem mais acessível ao público leigo.




Escreveu também livros pequenos e simples (embora também importantes) e de fácil acesso, entre os quais destacam-se Ter ou Ser? e A Arte de Amar, sendo que especialmente este último tornou-se bastante popular entre os anos 60 e 80. Saiba então, se você encontrar esta obra na estante da casa de alguém, que não se trata de mais um livro de auto-ajuda entre tantos (embora seja também isso), mas que é um trabalho sério, apesar da exposição simples. E por todos esses motivos, muito recomendada.


A maior parte das pessoas vê no problema do amor, em primeiro lugar, o problema de ser amado, e não o problema da própria capacidade de amar. (em A Arte de Amar)


Fromm é considerado um pensador utópico, já que criticava a sociedade capitalista em que vivia - sobretudo com referência à questão do consumismo, especialmente abordado em Ter ou Ser? - e nutria ideais de mudança. Em resposta a esse crítica argumentava que a atitude sadia de um indivíduo, ao constatar que algo não está bem em si ou no seu meio, é de tentar mudar o status quo. A atitude contrária seria um sintoma de neurose.


A história da humanidade é a história da busca da individuação e da aspiração de liberdade. A busca da liberdade não é um processo metafísico, é a resultante necessária do processo de individuação e da expansão da cultura. Os sistemas autoritários não podem extinguir as condições que dão lugar à individuação, nem exterminar a busca da liberdade que surge nestas condições. (extraído de O Medo à Liberdade)


Conheci o Fromm de uma maneira muito simples. O livro Análise do Homem sempre esteve na estante da minha mãe, desde que me lembro, bem ao lado de O Profeta, do Gibran Kalil Gibran. Pelo menos até o dia em que eu tive curiosidade de lê-lo.

Mais tarde, na minha fase mais rebelde, me interessei em ler Psicanálise da Sociedade Contemporânea. Nerd tem cada uma, não é mesmo?

Foi a visita de um grande amigo, no mês passado, que me trouxe lembranças das leituras do Fromm, de quem não ouvia falar há muito tempo. Uma ótima leitura, diga-se. Novamente recomendo. No mais, não se esqueça de amar!

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