sábado, 10 de janeiro de 2009

GRITARIA EM ALTO-MAR




por Quatermass



Tempos atrás comentei que A Caçada ao Outubro Vermelho não é dos melhores filmes de submarino. Nem Maré Vermelha (Crimson Tide - 1995).


Se estes representantes dos anos noventa não me agradaram, quais são os que conseguiram a proeza? Aqueles filmes dos anos cinqüenta a oitenta! Por quê, perguntaria o nobre internauta? Porque, bem ou mal, sua mensagem belicista confere um toque sério à obra; porque a história nos é contada da maneira ordenada e sem pressa, conferindo forte carga dramática e momentos de tensão, sem exageros visuais nem histeria; porque possuíam ótimos diretores, bom elenco e razoável assessoramento técnico. Aí vão dizer: e os efeitos especiais? Aí digo eu: depende! Se não for a razão do filme tudo bem, mas se for para carregá-lo nas costas... E é justamente o caso destes dois filmes de cima!


Só um exemplo: em Maré Vermelha, dá-se uma crise de comando dentro do submarino americano USS Alabama, mais precisamente entre o comandante Gene Hackmann e seu imediato Denzel Washington (uma dupla de respeito, diga-se de passagem). Só que os americanos encontram-se em águas hostis, que deveriam, à princípio, acautelar-se.




Mas não! Numa das cenas de ação (bem poucas, diga-se de passagem), quando é contactado um submarino Akula renegado, o operador de sonar grita freneticamente o tempo todo, como se narrasse uma partida de futebol! Os russos poderiam ouvi-lo de qualquer parte do mundo! Mas o diretor Tony Scott resolveu dar mais dramaticidade e deixou soltar o lero! Vencido o inimigo (e pondo fim ao climax do filme também), somos generosamente premiados com uma hora de bateção de boca e conversa fiada: não há mais nada a esperar, senão um final tão previsível quanto o dos filmes de sábado à noite na TV!

Maré Vermelha começa e termina em uma hora, o resto é desperdício! Talvez, sob outra direção, o filme pudesse prender mais a atenção. Mestres como Robert Wise, Joseph Pevney e Wolfgang Petersen, que dirigiram filmaços como O Mar É Nosso Túmulo (Run Silent Run Deep - 1958), Torpedo (Torpedo Run - 1958) e O Barco (Das Boot - 1981), respectivamente. Fazer o quê, né? O negócio é ser saudosista e partir para outra, que nesse barco eu não embarco!


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