segunda-feira, 29 de setembro de 2008

JOHNNY VAI À GUERRA


Quatermass





Johnny vai à Guerra (Johnny Got His Gun – 1971
) é um drama de guerra que pega pesado do início ao fim. Mais, é a antítese das produções hollywoodianas do gênero. Longe de ser belicista, sua mensagem também não é pacifista (mesmo porque até “pacifistas” tem interesses escusos).



É uma obra extremamente crua sobre a guerra, escrito e dirigido por Dalton Trumbo, perseguido pelo Macartismo nos anos cinqüenta, mas que sempre soube mesclar crítica com inteligência em seus textos.


A história se passa durante a 1ª Guerra Mundial – talvez a mais fútil de todas as guerras, se levarmos em conta que todas elas são produtos da estupidez humana. O soldado Johnny (Timothy Bottons, aliás Joe Bonham) é recolhido em um hospital, após ser atingido por uma granada. Da cirurgia só lhe restam a cabeça, o tronco e sua consciência. E é esta última que estabelece contato e empatia com o espectador.




Num primeiro momento, todo o seu discernimento está voltado para o que lhe aconteceu, culminando com a constatação de seu triste estado: sem braços, pernas, olhos, boca, ouvidos – apenas um toco com cabeça. Mas sua condição humana permanece – tal como comentei em O Incrível Homem que Encolheu (The Incredible Schrinking Man1957) – daí seu drama, não o nosso! O pesadelo é às vezes interrompido por uma conversa com Jesus – que serve de reconforto, crítica, mas acima de tudo razão.

Na segunda metade, descobre que mesmo sem recursos pode estabelecer contato com uma enfermeira e através dela alcançar sua redenção. Contudo, este filme é pura reflexão e não uma obra Spilbergiana – não tem finais felizes ou incoerentes – nada mais justo e condizente com este grande roteirista, e que somente foi liberado pela ditadura brasileira em fins dos anos setenta – por que será?



sexta-feira, 26 de setembro de 2008

FINAL FANTASY






por Quatermass

 


Final Fantasy – The Spirits Within (2001) é um filme baseado em videogame. Sinceramente, nunca fui muito chegado em jogos, portanto não conheço a origem, somente o filme.








É um filme totalmente digitalizado, ou seja, sem personagens de carne e osso; portanto, não saberia dizer se os personagens reais atuariam melhor que os computadorizados. Talvez por tudo isto eu tenha gostado muito de Final Fantasy – justamente pela exuberância visual e apuro técnico. história dá uma impressão de “deja vu”, mesmo assim é bem contada.







 


Num futuro não muito distante, a Terra é invadida por alienígenas, estes matam desapossando a alma das pessoas. A Dra. Aki Ross está empenhada em encontrar a solução que neutralize a ameaça, ao mesmo tempo em que é portadora de um alien (devidamente enclausurado em seu corpo).






 


Mas justamente por este detalhe, em seus sonhos visualiza o antigo mundo dos extraterrestres, a batalha final e seu destino, e daí conclui que não são apenas aliens e sim espíritos. Como nada é perfeito, está recheado de clichês: a atração não assumida de Aki pelo mocinho, o vilão de plantão (General Hein) que quer ver tudo ir pelos ares, o cientista e mentor de Aki (Dr. Cid) que tem a resposta para o problema, soldados caricatos à moda Starshiptroopers ou Aliens – O Resgate, etc.



Mas volto a dizer: é acima de tudo uma releitura muito caprichada de um pouco de tudo que já se assistiu ou leu sobre ficção científica. Não possui a genialidade de um Akira, mas é muito criativo e entretém – e afinal, não é isto que importa?



terça-feira, 23 de setembro de 2008

OLHOS FAMINTOS




Quatermass





Produção da American Zoetrope (entenda-se Francis Ford Coppola), Olhos Famintos (Jeepers Creepers – 2001) é de arrepiar.




Muito diferente de Alien versus Predator 2 (cuja fotografia é tão escura que mal se enxergam as cenas) o filme dá seu recado e diz a que veio. Resumo do resumo do resumo: filme simples, de baixo orçamento, bem contado e com boa história.




A história: Patrícia (Gina Philips) e Darry (Justin Long – visto recentemente em Duro de Matar 4.0) viajam tranqüilamente de carro por uma das infindáveis estradas americanas, puxando uma conversa tipicamente implicante entre irmãos até que em determinado momento uma caminhonete caindo aos pedaços e incrivelmente sinistra passa a persegui-los.




O início lembra um pouco Encurralado (Duel -1971) só que este é um filme de terror puro, ao contrário do de Spielberg. Após se desvencilharem da “lata velha”, mais adiante a encontram estacionada perto de uma Igreja abandonada. O irmão, que além de “mala” é metido a besta e curioso, resolve investigar e involuntariamente cai no porão do prédio. Aí descobre o destino de dezenas de pessoas desaparecidas (que não irei revelar, inclusive por ser um tanto grotesco).



Apesar de apavorado, ele consegue sair e passam a ser perseguidos implacavelmente pelo misterioso motorista. Motorista que, diga-se de passagem, não se sabe bem que tipo de criatura seja!
Mescla com perfeição terror com suspense – raro nas recentes produções americanas, já que provocar susto é a regra.





Dizem que “o que os olhos não vêem o coração não sente”; neste filme dá-se exatamente o oposto. O curioso é que o título em português, que apesar de não ter nada a ver com o original, indiretamente dá a dica do final, só que para isto é necessário assistir ao filme!


segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Desafio da Virgin [exercise your music mucle]


Tem muitos fanáticos por música aqui, então esse desafio é massa, na foto há 74 fotos relacionados a bandas você é capaz de indentificar todas, não vale pesquisar no google ...
Comente depois posto a resposta ...

MrOx

sábado, 20 de setembro de 2008

HINO RIO-GRANDENSE



Hoje o Estado do Rio Grande do Sul tem sua Data Magna, comemorando a Revolução Farroupilha de 1835. Saindo um pouco da "programação normal " do blog, mas registrando a data, uma postagem sobre o Hino Rio-grandense.


LETRA
Francisco Pinto da Fontoura
(vulgo Chiquinho da Vovó)

MÚSICA
Comendador Maestro Joaquim José de Mendanha

HARMONIZAÇÃO
Antônio Corte Real


Como a aurora precursora
do farol da divindade,
foi o Vinte de Setembro
o precursor da liberdade.

Estribilho:
Mostremos valor, constância,
Nesta ímpia e injusta guerra,
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda terra,
De modelo a toda terra.
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda terra.


Mas não basta pra ser livre
ser forte, aguerrido e bravo,
povo que não tem virtude
acaba por ser escravo.

Estribilho:
Mostremos valor, constância,
Nesta ímpia e injusta guerra,
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda terra,
De modelo a toda terra.
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda terra.


O hino já teve mais uma estrofe, que foi suprimida após revisões feitas em 1933 e 1966, que dizia o seguinte:

Entre nós reviva Atenas
Para assombro dos tiranos;
Sejamos gregos na Glória,
E na virtude, romanos.





Esse clipe tem um comercialzinho no final. Mas, convenhamos, não prejudica em nada. Abraços!

terça-feira, 16 de setembro de 2008

VELOZES E O FURIOSO



por Quatermass




Velozes e Furiosos (The Fast and The Furious - 2001) tem muito de Speed Racer, principalmente na seqüência inicial, quando os três carros da turma do mal atacam um caminhão.




Na verdade, as tomadas das corridas foram muito felizes, graças também à competência do diretor Rob Cohen. Vin Diesel (Dominic Toretto) bem que poderia ser um Schwarzenegger ou Stallone da vida, mas possui carisma próprio, não precisa imitações. Gostei de suas duas atuações como Riddick (primeiro em Eclipse Mortal, depois na seqüência deste), mas corre o risco de ficar desgastado rapidamente tentando ocupar o vácuo deixado pelos dois brutamontes.




Mas vamos ao filme, que é o que interessa: Toretto é o lider de uma quadrilha que assalta caminhões de carga utilizando esportivos de alta performance japoneses!!!! Com tanto carrão italiano, alemão e até mesmo americano por aí, foi logo de japonês! No grupo é introduzido o policial bonzinho Brian O’Conner (Paul Walker). Mesmo com o policial canastrão a obra vale pelos carros tunados, os pegas e as perseguições.




O senão deste filme fica por conta de um comentário bem sarcástico – ainda não me decidi o que é pior de assistir: um policial que se faz de mau (que não dá pra agüentar) ou a choradeira de Toretto, contando a triste história de seu pai e a causa de seu descaminho!

Quanto ao resto, trilha sonora, carros japoneses e ação, não há queixas. Na verdade, este tipo de filme nunca prima por um roteiro inteligente ou “cabeça”. É ver, ouvir e sentir. Mas já antecipo, dá para assistir várias vezes sem cansar, desde que haja Engov por perto toda vez que Paul Walker entra em cena!


sábado, 13 de setembro de 2008

OUTRA VIAGEM AO CENTRO DA TERRA (1)



por Thintosecco




Sempre tive carinho pelos livros e sei que muito disto se deve ao amor de duas pessoas, minha mãe e minha avó paterna. Com a mãe aprendi a ler e a encontrar prazer na leitura.



Da avó recebi tesouros, sendo um deles uma coleção da Editora Abril, que me proporcionou conhecer ainda na infância obras de alguns dos maiores autores da Literatura Universal. Eram os chamados “clássicos infanto-juvenis” (usando uma classificação da época que hoje parece extinta).


A coleção era vendida em bancas, os livros tinham boa encadernação, capa dura, e não eram baratos. Mas a vó reservava uma grana para comprar para nós (no caso, eu minha irmã). Um presente de valor inestimável. Mas quero falar mesmo é de um livro de lombada vermelha que era o volume número 17 ou 18 daquela saudosa coleção.





Viagem ao Centro da Terra, de Júlio Verne, é narrado por Axel, um jovem alemão, sobrinho de um ilustre geólogo, o Dr. Otto Lidenbrock. No ano de 1863, o Dr. Lidenbrock descobre um antigo manuscrito, escrito em código, consegue decifra-lo e fica sabendo que é de autoria de um antigo alquimista do século XVI. E o mais incrível: que o tal alquimista, chamado Saknussen, conseguiu chegar ao Centro da Terra e voltou, registrando o caminho percorrido.


Querendo repetir a incrível viagem, o geólogo e seu sobrinho Axel partem para a Islândia. Segundo o manuscrito de Saknussen, a entrada para o interior da Terra era feita a partir da cratera de um vulcão na região ocidental da ilha, o Sneffels, através de uma passagem que era sinalizada por um raio de luz solar que ali incidia em determinado horário.




Lá chegando, o Dr. Lidenbrock contrata um ajudante, Hans (que levava consigo a fiel pata Gertrudes), formando-se o trio que inicia a longa e fantástica jornada ao interior da Terra.






Num certo sentido, Viagem é a mais interessante das obras de Jules Verne. O autor notabilizou-se por prever fatos e, principalmente, máquinas que seriam criadas no século XX, como o submarino, o foguete e o dirigível.


A mais incrível “profecia” dele talvez tenha sido a Viagem à Lua, que mencionou com alguns detalhes muito aproximados do vôo da Apolo 11, como o local do lançamento, por exemplo.



Mas o livro em questão é um pouco diferente. Não há nenhum “engenho futurista”, até porque a jornada é basicamente feita a pé. Outro detalhe: em Viagem, os elementos fantásticos não estão tão relacionados ao futuro, mas principalmente ao passado, seja na figura do velho alquimista que descobriu a trilha, seja nos antigos mistérios descobertos no caminho, incluindo até dinossauros.


Simbolicamente, a Viagem ao Centro da Terra talvez remeta ao mito do Labirinto. E, quanto a este, há quem diga tratar-se da representação de uma jornada interior.




A obra teve várias adaptações. Muitos anos antes do filme com o Brendan Frasier, houve o clássico de 1959, que passou muitas vezes nas Sessões da Tarde da Globo, nos anos 70 e 80. Tinha James Mason no papel do professor Lidenbrock e Pat Boone como seu sobrinho.


Com o filme foi acrescentada à história uma personagem feminina, Carla Goteberg, viúva de outro geólogo. O vilão era o Conde Saknussem, que afirmava ser descendente do primeiro explorador e pretendia ter direitos sobre o que hovesse no interior do planeta, o que não era pouco, já que os aventureiros defrontam-se com pedras preciosas, cogumelos gigantes, mas também com dinossauros e até a cidade perdida de Atlantis.




Lembro ainda do desenho animado dos anos 60, da produtora Filmation, que foi exibido no Brasil nos anos 70. Nesse desenho, quem roubava a cena, com certa freqüência, era a pata Gertrudes! Mas era legal, com uma trilha sonora que se destacava e que acabou sendo aproveitada em outros cartoons.








sexta-feira, 12 de setembro de 2008

MITOS E LENDAS DOS CINEMAS DE BAIRRO DE PORTO ALEGRE


por Quatermass



Os cinemas de bairro de POA acabaram faz mais de dez anos. Um por um foram fechando as portas. Foi um processo lento e agonizante. Uns dizem que foi pela localização, permitindo o achaque de marginais e pedintes de toda ordem; outros, pela segurança, conforto, a facilidade de guardar o carro em estacionamentos amplos e equipamento de projeção de melhor qualidade dos cines dentro de shopping centers; e poucos, pela incompetência de seus administradores. O fato é: acabaram! Acredito que há um fundo de verdade; mais, que seja um pouco de tudo o que fora dito acima!


A outrora adversária televisão não foi a culpada, senão também teriam desaparecido as salas dos shoppings. Logo, simploriamente falando, a culpa são dos bairros, que não se adaptaram em acomodar e manter seus cinemas. Barzinho e cinema de bairro sempre foram sinônimos de entretenimento, garotada, zoeira e alegria. Tempos atrás comentei acerca do Cine Bristol (1970-2000), anexo ao Cinema Baltimore (1931-2000) que hoje não passam de um imenso (e ironicamente útil) estacionamento.


Mas por trás de cada cinema existiam boatos, mitos e lendas. Alguns muito antes de nascer; e outros, mais recentes e divertidos, fui comprovar. Por exemplo: havia um boato de que o Cine Bristol era infestado de pulgas. Sempre vi filmes em seus ciclos de exibição e nunca vi alguém se coçar, nem mesmo eu!




Outro: a de que o Cine Ritz (1948-1993), próximo a minha casa, tinha morcegos no teto e que saiam em revoada durante as exibições.


Realmente o Ritz possuía um teto alto, com mezanino, mas ninguém parou de ver filmes para assistir revoada alguma, sequer a do Batman! Diziam ainda que no Cine Scala (1970-1994), acima do Cinema Cacique (1957-1994), estaria para desabar a qualquer momento pelo peso dos espectadores. Posso dizer com certeza que não desabou! Sempre fui gordinho e o assoalho agüentou firme!




Cada geração tinha seus comentários daquelas casas sem os hoje modernos equipamentos de projeção e segurança das novas salas de exibição. Destas não se ouvem falar, exceto de que são monotonamente assépticas e organizadas. Faltam referências que no futuro se refletirão na seguinte frase: “Certa vez fui ver um filme numa daquelas salas de shopping center. Só não lembro se foi na 1, 2, 3, 4, 5 ou 6, pois eram todas iguais!”



Identificando as fotos: 1ª - Cine Capitólio; 2ª - Prédio onde funcionava o Cine Ritz; 3ª - Detalhe da fachada do Cine Astor. No vídeo, documentário sobre a chegada dos cinemas multiplex à cidade de Goiânia. (Thintosecco)



segunda-feira, 8 de setembro de 2008

EDWARD MÃOS DE TESOURA







por Quatermass



Às vezes me pergunto se não seria mais fácil transcrever uma crítica ou escrever certinho. Também me pergunto se não seria mais cômodo contratar um revisor e eliminar todas as minhas incontáveis palavras repetitivas. Mas daí veio uma revelação divina: pra quê então um blog? Retiraria toda a personalidade do comentarista e seria um mero site formal. Copiaria do Wikipédia ou traduziria do The Internet Movie Database e pronto!


Contudo, infelizmente e teimosamente não sou assim!!!! Critico aquilo que assisti, elogio o que entendo deva ser elogiado, relembro o que merece ser reconhecido, esculacho (com relativa frequência) alguns filmes – e vou seguindo meu caminho! Quem sabe um dia domino de vez a arte de passar para o papel o que penso e escrevo um livro?


Em outubro próximo o blog comemorará um ano de existência. Nunca pensei em casar, casei. Nunca pensei em ter filhos, tenho. Nunca pensei em postar na Internet – incrível – mais uma façanha!


Do meu amigo Thintosecco recebi um convite em participar e não sei qual força misteriosa me impeliu em aceitar. Será que pelo acaso, oportunidade, momento? Não sei, porque gostei! Há tanto a ser comentado. Tantos atores, diretores, filmes e personagens esquecidos ou até badalados. Personagens normais, comuns e os estranhos. 


Estranho... mas o que é o estranho? É o diferente, e na maioria dos casos, externamente. Edward Mãos de Tesoura (Johnny Depp) é um ser estranho, por ser diferente. É um Pinóquio que nunca mentiu, porém apresenta uma característica que o estigmatiza: suas mãos são de tesouras!








Filme de Tim Burton (1990) é sobretudo uma fábula: conta a história de um ser criado por um bondoso velhinho (Vincent Price) que vai gradativamente deixando de ser um boneco e tomando feições humanas.


Em sua última etapa, a que seria justamente as mãos, morre seu mentor. Só que este Pinóquio já é humano! Vivendo recluso num casarão é descoberto por Peg (Diane West) uma vendedora de produtos da Avon. Moradora de uma típica, massificada e hipócrita sociedade, que o diretor identifica como a América, mas que serviria para muitos e muitos outros países.








Levado para a residência de Peg, conhece e se apaixona por sua filha Kim (Winona Ryder) – com um porém: apesar de possuir sentimentos bons e sinceros, suas mãos afiadas ferem aqueles que ama!


É uma fábula e ela segue, na medida em que demonstra que a língua dos moradores é ainda mais afiada! De uma simpática aberração passa a ser um suposto criminoso, um Frankenstein.










No fim, a obra, que carrega de uma poderosa bagagem crítica, nos oferece um Natal nevado em uma cidadezinha que nunca tinha visto neve e a resposta de sua origem. Um Edward mais que humano, imortal até, bondoso, apaixonado e fiel.


Só em fábula, porque na vida real dá-se o oposto: o homem mortal, de curta existência, desperdiçada, que não enxerga nada além de seu nariz, que fala o que não sabe, ouve o que quer, sem pensar, deixando-se levar pelo coletivo. Ainda assim, a belíssima trilha de Danny Elfmann, por breves momentos (como a dança de Kim no gelo), me faz esquecer a frase anterior. E eu ainda tenho que me preocupar com revisor?


* Post atualizado em 23.06.2013.


domingo, 7 de setembro de 2008

MORENGUEIRA CONTRA 007





No dia da independência, um épico tupiniquim!






Trechos de textos extraídos do blog
Cifrantiga e do site Samba-choro, que recomendo.

O ciclo mais notório de continuações
na música brasileira foi o dos sambas de breque compostos por Miguel Gustavo para Moreira da Silva, em que o cantor era apresentado inicialmente como um herói de faroeste, passando depois para agente secreto e até cangaceiro! Kid Morengueira foi apresentado em gravações que pareciam capítulos de radionovela, com atores, narrador e sonoplastia. São seis os sambas: O rei do gatilho (1962), O último dos moicanos (1963), Os Intocáveis (1968), Morengueira contra 007 (1968), O seqüestro de Ringo (1970) e Rei do Cangaço (1973).



Em Morengueira contra 007, além de Moreira da Silva e o agente britânico, estrelam Pelé e Cláudia Cardinale.
James Bond dá um flagrante em Pelé, que beijava a estrela italiana. Moreira dá um soco em Bond e livra a cara do rei. Mais tarde, ela confessa ser apaixonada pelo sambista e diz que só esteve no Brasil para seqüestrar Pelé e evitar que ele jogasse contra a seleção inglesa.



Morengueira contra 007 (samba, 1968)
(escute e/ou baixe pelo 4shared)


Começa o filme com o 007 /
Saltando em Santos com a Cláudia Cardinale /
Com seu decote italiano ela é tão bela /
Que ninguém vê o James Bond junto dela /
Os dois se hospedam na concentração do Santos /
E entre tantos ninguém sabe por que é /

Que ela desfila de biquini na piscina /
E na maior intimidade com o Pelé /

A bonitinha não percebe a tabelinha /
que ele faz. Pelé controla a Cardinale /
e dá-lhe um beijo e avança mais... /
Goool do Brasil! /

(Temperamento latino é fogo...)


O James Bond nesse instante dá o flagrante /
Diz que Pelé tem pagar pelo que fez /
Então em luta corporal e o 07 /
Vai abater o jogador com um soco inglês /
Porém Moreira que assistia toda a cena /
Entra sem pena vai no 7 manda o pé....




O cantor e compositor Antônio Moreira da Silva, o Morengueira, criador do samba-de-breque, nasceu no Rio de Janeiro. Há alguma controvérsia sobre a data exata de seu nascimento, mas é ele quem informa: "Nasci em 1902, num 1º de abril, na rua Santo Henrique, hoje Carlos Vasconcelos, na Tijuca". E morreu em sua cidade natal, no dia 6 de junho de 2000. "Eu queria mesmo era ser advogado". Dizia que foi por acidente que o breque apareceu, durante um show num cinema, em 1936.


"Foi por acaso, como quase todas as descobertas dos cientistas. Eu estava cantando um samba fraquinho e decidi interromper e improvisar umas falas só para brincar com a platéia". ‘ Meto a solingen na garganta do otário e ele geme, ai, ai, meu Deus. Não posso mais. Vou me acabar’. Aí nasceu o breque".



Estava criado o rap caboclo, muitas décadas antes do Public Enemy. Por Moreira da Silva. Ou Kid Morengueira.


Postagem dedicada ao Fernando, meu pai, um grande fã dos sambas "cinematográficos" do Morengueira.

sábado, 6 de setembro de 2008

CONAN, O BÁRBARO







por Quatermass



Quem diria... um bárbaro governador da Califórnia !

Foi uma longa escalada para chegar até o topo, principalmente porque em política tem que se falar pelos cotovelos - ou alguém conhece algum político mudo? Pois foi falando pouco que Arnold Schwarzenegger estreou num grande filme de John Millius, um diretor acusado de ser um tanto reacionário (com razão), mas que nesta obra estava bastante inspirado.

Quem rouba as cenas é James Earl Jones como Thulsa Doom. Além de falar dez vezes mais que nosso herói, ele tem A VOZ. Voz confere veracidade, presença e lembranças. Voz dispensa música, voz é a música. Mas, diga-se de passagem, que o que não falta é música, pois a trilha de Basil Poledouris é maravilhosa.


Vamos também falar um pouco do filme, cuja história é boa, tem uma bela mocinha (Sandahl Bergman) e ótimos coadjuvantes. Diria até que se não fossem seus músculos e a necessidade de ser o herói, Conan estaria no elenco de apoio. Mas tem músculos e o valor do filme se deve a soma dos fatores: direção, elenco, roteiro, música, cuja ordem não interessa. 


Tanto é que na sequência, Conan, O Destruidor (1984), faltou tudo que o primeiro tinha, exceto o mocinho. Tanto o segundo filme como o herói não deixam saudades: na verdade faltou inteligência na obra, cujo roteiro anterior fora co-redigido por Oliver Stone. Não adianta mera presença física sem uma ideia central. Massa muscular não substitui massa cefálica. Em Conan, O Bárbaro há uma ideia, um rumo, uma história.





A história? Capturado, feito escravo ainda criança e depois liberto, Conan é convocado pelo rei Osric (Max Von Sydon) a encontrar e resgatar sua filha, que ingressara na seita de Thulsa Doom. Junto com seus companheiros Conan põe abaixo o palácio de Thulsa Doom e salvam a filha do rei (que não quer ser salva) à custa da vida de Valéria (Sandahl Bergman).


No filme, nosso herói entra mudo e sai calado. Talvez esta seja a chave do sucesso do musculoso governador: em boca fechada não entra mosca!



terça-feira, 2 de setembro de 2008

WALL-E (post 2.0)




Quatermass





Wall-E é um simpático robozinho que, por setecentos anos passa o tempo todo limpando o planeta que os humanos abandonaram por ter se transformado em lixeira. Sua companheira é uma repelente e engraçada barata! Pronto! Acabou a história? Não, é o início!


Mais uma produção Pixar, agora adquirida pela Disney, que pega pesado no início, por sinal ótimo, mas que aos poucos vai perdendo um pouco o pique. E é justamente este início, quando o robô, sozinho em suas tralhas e com sua minúscula, porém teimosa barata é que se dá o grande momento da obra.



Sua solidão/desterro é interrompida quando uma gigantesca espaçonave deixa outro robô, com uma missão específica: encontrar forma de vida vegetal que tenha sobrevivido a tamanha poluição/lixo/descaso. Seu nome é EVA. Suas feições e trejeitos são nitidamente femininos. Eis a companheira que Wall-E esperava. Esperava? Sim, pois com o passar dos séculos colecionou os cacarecos da passagem humana pela Terra e, diga-se de passagem, admira o lado bom, ilusório, fictício, fugaz, seja através de trastes e filmes (e destes musicais).




Wall-E é uma máquina que desenvolveu ou aprendeu a desenvolver a compreensão, a sensibilidade, a razão, tudo aquilo que o homem está hoje em dia deixando de lado cinicamente, seja através de governos pseudo-preocupados com “desenvolvimento sustentável”; seja por projetos de sustentabilidade através de ONGs, cujos motivos e pretensões nem o diabo conhece; seja por uma aparente consciência ecológica individual que termina na porta de casa! Wall-E não nos ensina nada que já não saibamos, mas reflete. Reflete a hipocrisia, o desperdício, o cinismo, sentimentos singelos esquecidos ou que devam ser. Sua busca por EVA não é apenas por amor, afinal é uma outra máquina! O problema é que o homem está se desumanizando e Wall-E, se algum dia houver algum, será o fiel depositário de nossas memórias!



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