terça-feira, 29 de abril de 2008

AS SETE FACES DO DOUTOR LAO


Quatermass


Há algum
tempo comentei sobre Guerra dos Mundos e de George Pal. Naquela obra o referido cidadão era o produtor, mas também é óbvio que deixou sua marca. Neste post comento uma obra toda sua.

Hoje em dia Steven Spielberg e George Lucas são sinônimos de diversão e entretenimento. São visionários e criativos. A seu modo nos contam um conto de fadas. E antes? Havia mais gente: Jack Arnold, Nathan Juran, Ray Harryhausen e muitos outros.




Mas destes havia um que possuía uma
mística, uma capacidade de nos transmitir uma lição de moral, sem estresses e de maneira adorável. Suas fábulas eram um misto de aventura, ficção, drama, questões adultas, porém, ao mesmo tempo infantil. A alegria, a decepção, o medo, a raiva e a tristeza eram trabalhados num misto de ingenuidade e genialidade. George Pal tinha a alma de Peter Pan: recusava-se a crescer o eterno menino que criou obras de vulto. Tentar comparar sua A Máquina do Tempo (1960) com a refilmagem de 2002 não tem sentido, posto que a segunda não possui sequer a mística da original.



As Sete Faces do Doutor Lao (Seven Face of Dr. Lao – 1964) nunca
foi refilmado e dificilmente poderá sê-lo, pois tantas são as qualidades. Na modesta cidade de Abalone seus cidadãos estão diante de um dilema: vender suas propriedades para um rico fazendeiro. Um jornal local defende a permanência, mas está perdendo a causa. Surge então o Circo do Doutor Lao. Na verdade, do nada, pois nosso velhinho chinês chega num jumento.




Tony Randal interpreta
o Doutor Lao, além de outros seis personagens (Merlin, Pan, Apolônio de Tiana, o Abominável Homem das Neves, a Serpente e Medusa. Tão polivalente quanto o sábio chinês, apresenta nossos pecados, nossas fraquezas. Não se amedronta diante do poderoso fazendeiro, ao contrário, convida-o e em seu circo conhece uma de suas faces (numa autoparódia). Ao final, incita os cidadãos a decidirem por seus destinos. Muita alegoria é empregada, inclusive quanto ao “dragão”, que apesar das constantes advertências, mais parece um girino num aquário que vive cuspindo para fora. Mas aí se dá a verdadeira magia de George Pal: se tudo não é o que aparenta ser, na verdade o que é o “dragão”? Os capangas do fazendeiro derrubam o aquário do bicho desaforado e na verdade descobrem que ele é... um gigantesco dragão!

Moral da história: nem tudo é o que aparenta ser, nem sempre aparentamos o que realmente somos, mas muito cuidado devemos tomar quando um sábio nos previne diante do mal e lhe damos as costas. RECOMENDO, mesmo porque em algum momento de nossas vidas, diante de um dilema, surge um velhinho chinês, que do nada, nos apresenta um circo em que somos as principais atrações!


segunda-feira, 28 de abril de 2008

ALEGRIA!


Quatermass


Se o caro internauta está pensando que vou falar sobre o espetáculo do Cirque du Soleil, errou por pouco. Vou sim falar sobre uma das inutilidades criadas por nossa sociedade de consumo e que passaram a integrar o way-of-life: o computador pessoal.

Computador é uma máquina criada para entreter. É um produto multimídia: acesso a internet, trabalhos gráficos, jogos, etc. Em suma, ao mesmo tempo é um bem supérfluo e necessário - não seria hipócrita a ponto de não reconhecer sua importância, senão o que seria deste blog? Supérfluo, porque tenta substituir o insubstituível: livros, o contato pessoal (na verdade, privilegia o anonimato), esportes e uma boa máquina de escrever (as mecânicas, que não precisam de luz nem de software). Necessário, em razão da sua incrível capacidade de adaptação às necessidades do usuário: eu, por exemplo, só uso para acesso à Internet e ver filmes, mais nada! Agora, tudo isto seria maravilhoso se não fosse um pequeno detalhe: é um produto e-x-t-r-e-m-a-m-e-n-t-e frágil. Necessita de constantes atenções e mimos. De início, aparenta ser uma criaturinha capaz e possante, mas, com o passar do tempo, vão sendo descobertas suas fragilidades: a constante desatualização do hardware, o descarte de antigos (e bons) programas e jogos em razão de incompatibilidades técnicas, a necessidade de utilizar antivírus e firewalls neuróticos e histéricos, a ilusão que faz chegar ao usuário de que este domina a máquina quando na verdade é o técnico (ou o que se diz ser) e os famigerados tabus.




Meu primeiro microcomputador foi um TK-82 da Microdigital, comprado em fins de 1982. Na verdade era um Apple *, mas como havia na época reserva de mercado, maquiaram de outra forma. Utilizava a televisão como monitor, que gerava imagem em preto-e-branco; bem como necessitava de um gravador para gravar/reproduzir programas. Isso mesmo, um gravador conectado à maquininha! O programa ficava contido numa fita cassete. Mesmo assim foi um período de aventuras: as revistas de informática da época eram cômicas, sempre contendo erros nas instruções dos programas.


A linguagem era Basic - alguém ainda se lembra? Como as revistas não vinham com disquetes, nem CDs, nem DVDs, o corajoso usuário tinha que digitar no bendito teclado plano do TK, ciente de que na próxima edição acompanharia a errata do número anterior! Depois de um ano enchi o saco, dei um tempo e voltei aos livros. Mais precisamente quinze anos depois, veio o computador seguinte: um potente Pentium MMX de 233 MHz, com 16 MB de RAM e um incrível Winchester de 3,2 GB (vá rindo, mas daqui a dez anos, quero ver a máquina que estará usando). Daí não parei mais, mas agora sinto falta daquele clima de aventura, do total abandono de vinte e cinco anos atrás.


Hoje é tudo mais sistemático e de razoável eficiência. Arquivos são baixados via Internet, contatos são feitos da mesma maneira. Se antes não havia sites eróticos nem e-mails, hoje dá no mesmo: tentar entrar num destes ou abrir mensagens suspeitas sem antivírus pode ser considerado suicídio para o computador. Antivírus, por sinal, cada vez mais potentes. Com isto fizeram o impensável: humanizaram a máquina! Máquina, que, quando funciona, proporciona 99% de alegria e 1% de frustração, mas como necessita de programas e de um cara que entenda mexer nela, a coisa se inverte! Daí somos vítimas do consumo e de um mercado voraz. Quando me lembro que em 1982 tudo era aventura (tudo mesmo, até saber a programação da TV o cinéfilo só sabia no dia), não havia telefonia celular, nem provedor de Internet e TV a cabo, etc, me pergunto: melhorou o contato entre as pessoas ou usa-se a distância como desculpa para a não aproximação? Será que no fundo não estamos fazendo uma palhaçada?

* ERRATA: Fazendo como faziam as revistas de informática dos anos 80: onde foi escrito que o TK era um Apple, entenda-se que era um Sinclair, no caso, o ZX-81. (Thintosecco)


sexta-feira, 25 de abril de 2008

O NOME DA ÁGUIA

Thintosecco


Ainda não li, mas parece interessante. O site do livro está bem bacana, com diversos downloads, inclusive dos primeiros capítulos da obra, e até trailer em vídeo! Vale conferir. Até para dar uma força ao autor nacional, o Alexandre Lobão.


Link do site está aqui. E está aí o vídeo!


OS SERES DO AMANHÃ




por Thintosecco



Como serão as pessoas de amanhã? Serão mutantes? Serão, quem sabe, seres geneticamente modi- ficados, verdadeiros transgênicos humanos, dotados de super-poderes além da imaginação? A ficção nos apresenta esses seres, descendentes nossos, situados num futuro mais ou menos próximo, com capacidades extraordinárias: X-Men, Heroes, super-heróis... Temos até mutantes nacionais em novela na tevê! Será que o futuro nos reserva algo assim?


O desenvolvimento tecnológico alcançado no último século insiste em nos mostrar que tudo – ou quase – é possível para a espécie humana. Então, de nada se duvida. Mas é saudável desconfiar de algumas coisas.


Não duvido do potencial das crianças de hoje e do futuro, mas da sociedade que legamos para elas. A semente é tudo, mas se tiver terra, água, ar e sol. E o que a sociedade atual – a brasileira, especialmente – tem a oferecer às novas gerações? A educação – em casa e na escola - como vai? Vamos pensar nisso.



Os Seres do Amanhã (The Tomorrow People, no original) foi um seriado inglês dos anos 70, que passou no Brasil inicialmente pela Globo. Nos anos 80 foi reprisado em Porto Alegre pela TV Guaíba.


O argumento é baseado no surgimento de jovens dotados de poderes psíquicos especiais – que afloram no início da adolescência – mas que necessitam da ajuda de seus semelhantes para sobreviver. Caso contrário, poderiam ser confundidos com doentes mentais ou cair em mãos inescrupulosas.


Os Seres do Amanhã são perseguidos, especialmente pelos militares, que pretendem usar seus poderes – telepatia, telecinesia, clarividência e outros – como armas.


Porém, esses jovens especiais contam com uma ajuda incomum: uma espécie extra-terrestre, que deixa na Terra um supercomputador, TIM, capaz de ajudá-los a se organizarem e defenderem-se mutuamente. Através de um cinto especial, TIM também proporciona aos Seres do Amanhã a amplificação de seus poderes e o tele-transporte.


As histórias eram irregulares e o seriado tinha, é claro, as limitações de uma produção feita para o público infantil. Mas não deixava de ser muito interessante. A abertura é cult, inclusive pela música, bem diferente dos padrões da época.



Fica o vídeo e a reflexão do início deste post. Vamos cuidar das próximas gerações – com amor, mas com uma boa educação também – ou vamos esperar que algum fenômeno evolutivo dê origem no futuro a pessoas melhores e mais capazes, para que reparem o mundo que vamos lhes deixar? Mas..puxa vida! Agora lembrei que até os X-Men precisam do Xavier, que é um... professor!



quarta-feira, 23 de abril de 2008

BUBBA HO-TEP




por Quatermass



ELVIS NÃO MORREU! Está (ou estava) vivo em um asilo esquecido no Texas. Tendo trocado de identidade com um sósia, passou a levar uma vida normal (e desastrada) como Sebastian Haff até cair de senilidade. No estabelecimento encontram-se um JFK negro (Ossie Davis, ótimo), Lone Ranger e é claro, Elvis (Bruce Campbell, de atuação inesquecível).


O filme é S E N S A C I O N A L, porque, além da trupe de doidos, há uma múmia egípcia que perambula à noite e a dupla de um rabecão que não pára de retirar cadáveres. É puro non-sense, é comédia, é terror, é fantasia, resumindo: é uma viagem!



Se não tiver na locadora, procure na Internet, pois vale a pena assistir cada segundo. A trilha, apesar de repetitiva, também é inesquecível e complementa a paródia.



Mas as memórias de Elvis / Sebastian Haff / Bruce Campbell são hilárias. É um filme B, mas, diga-se de passagem, foi uma das melhores coisas que assisti na década. Como descobri? Por indicação do Thintosecco, que havia me comentado a respeito dos elogios ao filme em outros blogs e fóruns e foi conferir. Valeu Thintosecco, valeu turma. RECOMENDO, COM LOUVOR!






Segurei um pouco essa postagem porque, bem na época, foi publicada no blog Rapadura Açucarada uma matéria sobre os filmes do Bruce Campbell, incluindo o Bubba Ho-Tep. Postagem bem legal, por sinal, que recomendo, aqui neste link.


domingo, 20 de abril de 2008

KISS ME DEADLY



por Quatermass




Taí um filme muito conceitual. Verdadeira experiência cine- matográfica de Robert Aldrich que dificilmente será repetida por Hollywood.


Kiss me Deadly (1955) é uma obra injustamente esquecida e que merece ser analisada. Filme digno do diretor: uma sobrecarga de truculência, adrenalina, conflito e mistério, porém dotado de uma inteligência envolvente. Mais, um genuíno precursor de Arquivo X.


Por que experiência? Pela indefinição de estilos e a busca de uma identidade. Talvez (e digo isto como opinião minha) a sua mensagem extremamente prolixa seja a causa de seu ostracismo. Não é uma obra fácil de ser digerida; ao contrário, deve ser assistida com doses maciças de paciência e percepção, coisas difíceis hoje em dia.


A primeira impressão é a de que o diretor quis realizar um teste com atores e filmou de qualquer jeito. A abertura do filme já chama a atenção por sua diferença visual: um layout fora dos padrões da época (muito extravagante), e não pára aí.



E a história: viajando à noite, o detetive Mike Hammer (Ralph Meeker) dá carona a uma ilustre desconhecida, porém longe de ser inocente. Ambos acidentam-se e ela está morta. Nosso motorista está vivo e incriminado. Por quem e por que ele ainda não sabe. Mas os vilões logo descobrem que mexeram com a pessoa errada: Hammer é um detetive muito pouco polido, que distribui generosamente sopapos e ameaças para quem estiver a sua frente.


Descobre que a caroneira estava fugindo por estar envolvida com “algo-dentro-de-uma-caixa-que-não-deveria-ser-aberta”, tipo caixa de pandora ou coisa assim (ah, se Fox Mulder estivesse ali...). Sua investigação o leva até os responsáveis e à “caixa misteriosa”. O final não vou contar, mas o filme merece ser conhecido pelo internauta, inclusive em razão do desfecho.


Se algum dia sair no Brasil, veja. Vale a pena conhecer obras esquecidas de grandes diretores. Não existem obras menores de grandes cineastas e sim obras não reconhecidas. O gênio do autor é o mesmo; a diferença está em quem aprecia!






quinta-feira, 17 de abril de 2008

AMOR ALÉM DA VIDA





por Quatermass




Robin Williams é um ator que gosta de fazer caretas, imitações e ter chiliques, ao contrário da trupe do Monthy Python, que usa do humor escracho e non-sense. Mas diferentemente dos malucos britânicos, cujo humor sempre deu certo; o ator americano fica deslocado em alguns filmes.



Amor Além da Vida (What Dreams May Came – 1998) é um destes filmes. Numa incursão pelo drama e fantasia, ele às vezes parece ser contido por Annabella Sciorra, Cuba Gooding Jr. e Max von Sydow, de desempenhos muito superiores, por um único motivo: não cabe humor nem caretas nesta história!


Uma família tipicamente americana sofre um duro golpe quando os dois filhos do casal morrem num acidente automobilístico. A esposa, Annie Nielsen (a bela Annabella Sciorra), torna-se depressiva; e o marido, Chris (Robin Williams), refugia-se em seu trabalho. Ambos levam uma vida de faz-de-conta até uma nova tragédia abater-se sobre o casal: ele também morre.




Vai para o céu, muito personalizado, pois o cenário é o das obras pintadas por sua cara-metade. O reencontro com a filha é um momento extremamente delicado e tocante. No entanto, lhe é contado que a bela Annabella, em último grau de depressão cometeu suicídio.


Feliz, num primeiro momento, ante a expectativa de reencontrá-la, vem a saber que o destino dos suicidas é outro. Daí parte para uma jornada em busca da esposa, através de seu antigo professor (Max von Sydow) e o filho (Cuba Gooding Jr.).





A cena final, onde finalmente a encontra é um primor de roteiro e direção, utilizando inteligentemente diálogos e flashbacks. É um belo filme, apesar da história triste, mas que carrega uma mensagem bonita: o amor em sua total plenitude.


Curiosamente, é um filme essencialmente espírita, com conceitos de castigo, almas-gêmeas e reencarnação raramente visto em produções americanas, enquanto o Brasil é o país com o maior número de adeptos do espiritismo no mundo.







terça-feira, 15 de abril de 2008

Um Pensamento Sobre Charlton Heston


por Doc. L.



No período entre minha infância e adolescência, um de meus atores favoritos era Charlton Heston.



Lembro que saía do cinema extasiado com a grandiosidade dos seus filmes, mas sentia que aquele “algo mais” que coroava o filme era sua presença imponente e interpretação ao mesmo tempo dura e sensível.


Dotado de notável presença física, sua composição de personagens duros ou históricos destacava-se pela paixão com que os encarnava: com realismo, expressividade e convicção, somando-se uma dose de sentimento. A convicção se evidenciava na sua preocupação em pesquisar e estudar sobre os personagens que interpretava, indo muito além do necessário para compô-los.


Algumas vezes, como em “Os Dez Mandamentos”, seu grande passo para o estrelato, chegava a ficar caracterizado como o personagem – no caso, Moisés – e afastado do set de filmagem, concentrado, para então entrar em cena. Impressionava muito os extras que o aguardavam.




Atuando em épicos, filmes históricos, westerns, dramas, filmes noir e até comédia, foi um dos mais populares e queridos atores de seu tempo. Ativista político, defensor dos direitos humanos e muitas vezes polêmico e contraditório para nós, era firme em suas convicções e ideais e mantinha a integridade de pensamento e ação.



Críticos de cinema e “intelectuais” não o consideravam um bom ator, mas um canastrão. Mas, penso eu: cinema não é só política, psicologia e sociologia profundas. Pode ser e sempre foi também diversão e espetáculo. Cenários gigantes, música poderosa e atuações “bigger than life”. Continuo assistindo seus filmes com o mesmo prazer e emoção de anos atrás.




Heston interpretou heróis, presidentes, santos, artistas e até vilões. Que outro ator poderia ser El Cid, Ben-Hur ou um imponente Moisés? Não dá pra pensar em Marlon Brando, Spencer Tracy ou James Stewart em nenhum deles.






Curiosidades:


Heston desenhava. E era bom. Fazia esboços de lugares, atores e pessoal técnico em geral nos intervalos das filmagens. Sempre com o seu caderno e lápis à mão.


Seu filho Frasier, ainda criança, o acompanhava muitas vezes aos sets de filmagem, e os figurinistas faziam para ele roupa ou uniforme em relação ao filme. Pegou gosto pelo cinema e virou diretor, aparecendo como “ator” pela primeira vez como o bebê Moisés na cesta, em Os Dez Mandamentos. Anos mais tarde, chegou a dirigir o pai em alguns filmes.


Charlton Heston era casado há 64 anos com a atriz Lydia Clark, coisa muito rara em Hollywood, terra de muitos divórcios e escândalos. Talvez mais uma mostra de sua integridade.



Com uma mãozinha dos amigos...

Inicialmente o motivo deste post era anunciar a participação de mais um amigo no blog, o Doc, que com certeza vai enriquecer o Planeta com sua experiência e conhecimentos. A propósito, estou ansioso por ler textos do professor a respeito do rock das antigas, especialmente Progressivo, do qual somos ambos somos fãs. Mas o Doc começa a participar do blog com um comentário - que, aliás ficou faltando na nossa postagem de alguns dias atrás - sobre o falecimento do ator Charlton Heston.

Aproveito para agradecer a todos que, de uma forma ou outra, dão uma força para o blog. Seja participando nos posts - caso do Quatermass e, agora, do Doc -, comentando (tem o Mestre Splinter, o Vitrôncio, o Dr. Phibes, a Fê, o Líder Optimus e outros que são sempre bem-vindos) ou mesmo apenas acessando. Temos os blogs parceiros, como o Rapadura Açucarada e o Cinedivx Bizarro! Ah, ainda tem a Bianca, sempre ao meu lado, e os amigos - de ontem ou de hoje - que nos sugerem ou inspiram algumas idéias. Valeu!

Então, a propósito do que foi dito, fica aí uma sugestão de outro parceiro de longa data, que é muito fã do Joe Cocker: With A Little Help From My Friends!


sábado, 12 de abril de 2008

O HOMEM FOI À LUA?



por Quatermass




Como é triste a velhice! Quarentão como sou, vou ficando cada vez mais incrédulo! Quando jovem assisti certa vez Capricórnio Um (1977) de Peter Hyams. Neste filme, um lançamento espacial malogrado é interrompido e em seu lugar é feita uma encenação, com direito a decolagem e pouso em Marte.


Na época (lá pelos anos oitenta) achei graça: que idéia mais besta! Onde já se viu! Hoje já não penso assim. De tanto dar panes nos ônibus espaciais, dos quais dois explodiram, me pergunto: aonde foi parar a tecnologia que levou o homem à Lua? Dizem que em nosso satélite foram colocadas bandeiras, espelhos refletores e deixados outros trastes. Porém, fica nisso: dizem!



Nos anos sessenta, o circuito integrado, recém criado, tinha menos capacidade que o de uma calculadora atual. Com esta tecnologia nunca tiveram um foguete (com tripulantes) explodido! É verdade que houve o desastre com a Apollo I, resultando na morte de todos os tripulantes, quando irrompeu um incêndio no modulo de comando. Mas num teste com o foguete no chão!


Com a Apollo 13 aconteceu toda aquela desgraça e vitoriosamente retornaram a Terra. Será que realmente aconteceu? O Programa Apollo estava em crise! O desastre chamaria a atenção mundial... E agora?


Em pleno século 21 mal conseguimos permanecer em órbita da Terra. Quando um ônibus espacial decola, lá vão os astronautas para uma missão externa: não para fazerem pesquisas no espaço e sim para consertar a nave! Se não é sucata, representa um traste de pouca utilidade (seria como estar num barco cheio de furos, que ao invés de navegar, passaríamos o tempo tirando a água que entra).


A China está alcançando os USA e a Rússia no campo espacial. Mas será que conseguirá sair da órbita terrestre? No ritmo que vão, com certeza. Mas uma dúvida perversa permanece: será que não é pela primeira vez?


Pra poupar o tempo de quem ficou curioso sobre a teoria conspiratória segundo a qual o homem jamais foi à lua, segue o link de um site brasileiro que defende esta idéia, (afraudedoseculo.com.br). E aqui, outro, que rebate tais argumentos (projetoockham.org). Recomenda-se dar uma olhada nos dois. Depois, - plagiando um antigo programa de tevê - você decide!


Seguem dois vídeos. Primeiro, o trailer de Capricorn One. O segundo é apenas uma piada, mas pode valer por mil comentários!





sexta-feira, 11 de abril de 2008

VELOZES E DIVERTIDOS

por Quatermass

Nestes dias, Thintosecco andou postando “a pedido” Brasinhas do Espaço e Os Impossíveis. Não lembram nada ao caro internauta? Os saudosos tempos em que a Hanna-Barbera produzia desenhos de qualidade e nossos dubladores acompanhavam o padrão. Empresas como AIC (Arte Industrial Cinematográfica São Paulo) e Cinecastro já desapareceram, mas seu legado ficou. Ouça de novo aqueles desenhos e irá perceber que não eram apenas dublados e sim interpretados.


Não só estes como também Corrida Maluca, Os Apuros de Penélope, Máquinas Voadoras e outros tantos. Adrenalina em tempo integral: caiam, batiam, capotavam e continuavam correndo. Que saudades do Dick Vigarista! E que trauma também! Há algum tempo retirei Corrida Maluca da locadora. Recém lançada a série em DVD, mostrei a minha filha como eram os desenhos de antigamente. Para quem gosta de Pokemon, A Mansão Foster para Amigos Imaginários e outros, sentiu a diferença e concordou com a qualidade daquelas vozes. Depois a Warner lançou as séries Máquinas Voadores e Os Apuros de Penélope. Novamente retirei e veio o choque: redublaram os desenhos!


Sempre que o assunto é dublagem e redublagem as respostas são as mais nebulosas, enigmáticas e misteriosas possíveis. Por que? Qual a razão? Um conselho: nunca, mas nunca tente entender o motivo! Não que a resposta possa ser falsa e sim frustrante. Mas às vezes pode dar a sorte de nos depararmos com o antigo de novo. Em certos canais, desses menos badalados, seja a cabo ou de sinal aberto, passam velhos filmes e seriados com velhas dublagens só vistas recentemente com legendas nos Telecines e Cartoon Network. Assim sendo, espero um dia voltar a ouvir a antiga dublagem dos anos sessenta de Jornada nas Estrelas, com Emerson Camargo, Dênis Carvalho e Astrogildo Filho dublando o Capitão Kirk (www.retrotv.uol.com.br/dublagem/jornada.html), pois até hoje não acreditei nas versões apresentadas para terem redublado as três temporadas de novo – verdadeira lenda urbana!







AMIT GOSWAMI



Amit Goswami é um dos mais importantes físicos da atualidade e um dos poucos que penetrou fundo na espiritualidade humana. No seu livro "O Universo Auto-Consciente" - demonstra como a consciência cria o mundo material. Cientificamente, através da física quântica, ele prova que o universo é um conjunto superior - Deus. Isto torna sólida a sua afirmação de que á a consciência que cria a matéria e não o contrário, como até hoje "crê" o Realismo Materialístico implantado na ciência por Isaac Newton e Rennè Descartes. Amit Goswami é professor titular de física quântica no Instituto de Física Teórica da Universidade do Oregon e autor de numerosos textos científicos.


Trecho de biografia que consta no site Jornal Infinito. Esta postagem pertence àquela categoria "não peça para explicar...". Mas o fato é que acho que vale a pena ouvir o que esse cara tem a dizer. Abaixo fica a primeira parte do Programa Roda Viva com o prof. Goswami, exibido pela TV Cultura no ano passado. Para mais, siga por aqui.






Pra fechar, uma sugestão: dar uma olhada na postagem que fizemos há algum tempo aqui no blog sobre o filme Quem Somos Nós?

quarta-feira, 9 de abril de 2008

OS SETE SAMURAIS


por Quatermass


No ano de 1954 os Estados Unidos continuavam seus testes nucleares no Pacífico. Os americanos desconsideravam a situação dos nativos: simplesmente os removiam para locai
s “civilizados”. Nos atóis e ilhotas evacuados, construíram todo um aparato para testar e avaliar seus brinquedos nucleares. Foi assim em atóis como Bikini e Eniwetok, nas Ilhas Marshall. Porém, um teste se sobressaiu: a Operation Castle (Operação Castelo). Um costume militar tipicamente americano era o de identificar suas bombas por codinomes, neste caso, a Bravo. Era um artefato dotado de mecanismos, conceitos e idéias novas, mas não testadas.


Em tempos de Guerra Fria, era a resposta ao teste nuclear soviético de 1949. A Castle Bravo foi documentada, filmada e estudada. Ao explodir, a surpresa: a magnitude de seu poder destrutivo foi muito maior do que havida sido calculado. Destruiu parte das instalações onde estavam técnicos e cientistas a muitos quilômetros de distância. E ainda, nativos, soldados e a tripulação de um pesqueiro japonês foram vitimados pela radiação. Porque sua distinção? Porque foi a mais poderosa bomba de hidrogênio (Bomba H) produzida e testada na atmosfera até então. Coisa medonha! Mas não tão medonha do que feito pelos próprios americanos nove anos antes. Em julho de 1945 detonaram a Trinity numa região do Deserto do Novo México conhecida como Alamogordo. Foi a primeira bomba atômica. Mas logo encontraram uma utilidade para este conceito: jogaram mais duas em Hiroshima e Nagasaki que, como a cidade alemã de Dresden, não possuíam importância militar. Serviram para provar conceitos e, no caso japonês, tecnologia. Sim, pois se a Little Boy (jogada em Hiroshima) tinha a mesma origem da Trinity (que utilizava urânio), a Fat Man (em Nagasaki) era mais evoluída (empregava plutônio) e, portanto, deveria ser testada! Pobres japoneses! Será? Não digo pelo que é o Japão hoje. Digo pelo que já era o Japão em 1954!

Digo pelo que “O Pais do Sol Nascente” produzia cinematograficamente. Akira Kurosawa é meu ídolo. Aprendi a apreciar seus filmes em todos os detalhes. Seus textos fugiam do padrão americano e europeu (incluindo aí os soviéticos): eram tão ricos e complexos quanto os de Shakespiere. Além disso, quando as situações não eram criativas, eram inusitadas. Os Sete Samurais
foi, é e sempre será referência do mestre japonês.


A história: acuados por um bando de ladrões, camponeses de uma pobre e pequena aldeia procuram samurais para defendê-los. Arduamente, iniciam sua busca, mas não há guerreiro interessado pelo preço oferecido: três refeições completas por dia. Até encontrarem Kambei Shimada (Takashi Shimura), um velho e experiente ronin (samurai sem mestre). Quando fazem seu pedido, recusa. Mas quando terceiros debochadamente lhe dizem que os “miseráveis camponeses comem millet para pouparem o arroz que é oferecido”, o sábio guerreiro segura respeitosamente o prato ofertado e singelamente aceita o encargo. Só nesta cena há mais sensibilidade do que em obras de muitos diretores por aí! Recruta então mais seis samurais, dentre este Kikuchiyo (Toshiro Mifune), figura cômica e atrapalhada. Mas mesmo este último, vislumbra-se a esperteza que complementa o grupo. Durante as duas primeiras horas, Kurosawa trabalha com a busca e os preparativos da defesa. Na hora e meia seguinte final dá–se o conflito, com cenas épicas de ação.

Agora, por que falei antes dos testes nucleares? Porque o Japão foi vítima deles. Arruinado, se reergueu, também por ajuda americana. Mas a aparente simplicidade do povo japonês se confunde com sua complexa cultura. Os Sete Samurais reflete isso. A idéia é simples, mas o desenrolar da história é grandioso. É um povo de pequenos e singelos gestos. E é preciso atenção e sagacidade para interpretá-los. Enquanto uns explodiam bombas, outros criavam maravilhas. O velho e sábio ronin tem muito a nos ensinar. Quanto a mim, fui tocado pela magia oriental!


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