terça-feira, 15 de abril de 2008

Um Pensamento Sobre Charlton Heston


por Doc. L.



No período entre minha infância e adolescência, um de meus atores favoritos era Charlton Heston.



Lembro que saía do cinema extasiado com a grandiosidade dos seus filmes, mas sentia que aquele “algo mais” que coroava o filme era sua presença imponente e interpretação ao mesmo tempo dura e sensível.


Dotado de notável presença física, sua composição de personagens duros ou históricos destacava-se pela paixão com que os encarnava: com realismo, expressividade e convicção, somando-se uma dose de sentimento. A convicção se evidenciava na sua preocupação em pesquisar e estudar sobre os personagens que interpretava, indo muito além do necessário para compô-los.


Algumas vezes, como em “Os Dez Mandamentos”, seu grande passo para o estrelato, chegava a ficar caracterizado como o personagem – no caso, Moisés – e afastado do set de filmagem, concentrado, para então entrar em cena. Impressionava muito os extras que o aguardavam.




Atuando em épicos, filmes históricos, westerns, dramas, filmes noir e até comédia, foi um dos mais populares e queridos atores de seu tempo. Ativista político, defensor dos direitos humanos e muitas vezes polêmico e contraditório para nós, era firme em suas convicções e ideais e mantinha a integridade de pensamento e ação.



Críticos de cinema e “intelectuais” não o consideravam um bom ator, mas um canastrão. Mas, penso eu: cinema não é só política, psicologia e sociologia profundas. Pode ser e sempre foi também diversão e espetáculo. Cenários gigantes, música poderosa e atuações “bigger than life”. Continuo assistindo seus filmes com o mesmo prazer e emoção de anos atrás.




Heston interpretou heróis, presidentes, santos, artistas e até vilões. Que outro ator poderia ser El Cid, Ben-Hur ou um imponente Moisés? Não dá pra pensar em Marlon Brando, Spencer Tracy ou James Stewart em nenhum deles.






Curiosidades:


Heston desenhava. E era bom. Fazia esboços de lugares, atores e pessoal técnico em geral nos intervalos das filmagens. Sempre com o seu caderno e lápis à mão.


Seu filho Frasier, ainda criança, o acompanhava muitas vezes aos sets de filmagem, e os figurinistas faziam para ele roupa ou uniforme em relação ao filme. Pegou gosto pelo cinema e virou diretor, aparecendo como “ator” pela primeira vez como o bebê Moisés na cesta, em Os Dez Mandamentos. Anos mais tarde, chegou a dirigir o pai em alguns filmes.


Charlton Heston era casado há 64 anos com a atriz Lydia Clark, coisa muito rara em Hollywood, terra de muitos divórcios e escândalos. Talvez mais uma mostra de sua integridade.



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