domingo, 17 de fevereiro de 2008

Ressuscitando um velho conceito militar







por Quatermass


Gene Roddenberry é um renomado autor de séries de ficção científica. Mas seus contos espaciais estão recheados de naves de combate cuja denominação relembra a dos bons e velhos navios de alto-mar do século vinte e que, por sinal, até desapareceram das atuais doutrinas navais. Gene Roddenberry popularizou o termo “Cruzador de Batalha”, quando referido às grandes naves de combate Klingon. 


Cruzador de Batalha foi na verdade um conceito criado no início do século passado pelo almirante inglês Jackie Fisher: um grande navio, de alta velocidade, dotado de canhões com calibre de encouraçado, mas com blindagem de cruzador, ou seja, bem mais leve. Foi um conceito tático inovador: sua função seria flanquear a frota inimiga com grande poder de fogo e velocidade, equivalente à peça do cavalo no xadrez.






Porém, nunca deu certo: sempre foi mal empregado. E, seguindo os passos da Royal Navy, a Alemanha e Japão construíram os seus. Durante a Primeira Grande Guerra, na maior batalha naval daquele conflito, a da Jutlândia, em maio de 1916, os ingleses perderam três destes cruzadores, enquanto que os alemães um. 


O motivo: deram de cara com encouraçados, navios de grande poder de fogo e poderosa blindagem. Mesmo assim, no fim da guerra a Inglaterra ainda construiria seu derradeiro Cruzador de Batalha, o Hood, espetacularmente destruído no duelo com o Bismarck em 1941. A causa: um projétil, que atravessou sua fraca e mal distribuída blindagem, atingiu um dos paióis, resultando numa catastrófica explosão, matando todos a bordo menos três tripulantes. 


Já os alemães ainda construiriam dois no período entre-guerras: o Scharnhost e o Gneisenau. O primeiro, para ser destruído na Batalha do Cabo Norte em dezembro de 1943, também em combate com encouraçados; e o segundo, pelas bombas da RAF quando em reparos no dique seco. Os japoneses, mais espertos, converteram seus equivalentes em encouraçados, reforçando a blindagem.





Após este segundo conflito, nunca mais se ouviu falar desta classe de navio. Vinte anos depois, ressurge o termo em grande estilo: o famoso Cruzador de Batalha Klingon, no episódio Elaan de Troius (1968), quando a Enterprise é atacada pelo equivalente espacial até pô-lo fora de combate com uma única salva de torpedos. 


O que era antigo agora não é mais, pois fora imortalizado por seus fãs. O que também chama atenção é o desenho de produção destas naves, concebido por Walter Jefferies, é esguio, mas poderoso, características curiosamente semelhantes aos antecessores aquáticos. De design atual, além de ter participado nos episódios O Pombo e Incidente Enterprise, também foi visto na abertura de Jornada nas Estrelas - O Filme (1980) e Jornada nas Estrelas VI – A Terra Desconhecida (1991). 


Ainda assim é estranho o gosto da ficção científica por termos militares arqueologicamente esquecidos, mas de denominação pomposa. Nada contra, mas como diria o Sr. Spock: “fascinante!”


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